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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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CONTINUIDADES E DESCONTINUIDADES – REVISITAR A SEGUNDA INFÂNCIA DURANTE A ADOLESCÊNCIA

Andreia Araújo1, Cátia Almeida1, Paula Vilariça1, António C. Matos1, Pedro Caldeira da Silva1

  1. Área de Pedopsiquiatria, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, EPE, Lisboa.

- XXVI Encontro Nacional de Psiquiatria da Infância e da Adolescência, 2015, 27-29/5/2015, Vila Real (póster com discussão)
- 6º Encontro Nacional de Internos de Psiquiatria da Infância e da Adolescência, 2015, 26-27/11/2015, Viseu (comunicação oral)
- 10th International Conference on Child and Adolescent Psychopathology, 2015, 20-22/7/2015, Londres, Reino Unido (comunicação oral)

Introdução: O estudo da continuidade da psicopatologia ao longo do crescimento tem cada vez maior relevância. Há evidências crescentes de que várias perturbações da infância, quando não tratadas, se agravam, tornando-se crónicas e incapacitantes na adolescência ou idade adulta.

Objetivos: Caracterizar uma amostra de adolescentes que tiveram seguimento anterior em pedopsiquiatria interrompido por abandono. Comparar os diagnósticos e determinar a existência de continuidades (homotípica ou heterotípica).

Métodos: Estudo retrospetivo recorrendo a recolha de dados dos processos de primeiras consultas de pedopsiquiatria efetuadas na Clínica da Juventude - CHLC, em 2014. Seleção da amostra por metodologia de conveniência. Critérios de inclusão: adolescentes atendidos em consulta de pedopsiquiatria na infância (4 e 12 anos) com história de abandono de consulta e sem seguimento há mais de um ano. Foram consultadas informações clinicas referentes ao seguimento anterior (processo e/ou relatórios).

Resultados: Foram revistos 338 processos clínicos. 54 (16%) jovens cumpriam critérios de inclusão, sendo 30% do sexo feminino e 70% do masculino. O intervalo médio entre o abandono e o novo pedido de consulta foi 3 anos. A continuidade predominante era a heterotípica (42,6%), Assiste-se a um aumento considerável do grupo diagnóstico das perturbações do humor (de 7,4% na segunda infância para 27,7% na adolescência). A maioria dos abandonos foi devida a fatores relacionados com as famílias (n=29, 53,7%), seguindo-se os fatores relacionados com os serviços (22,2%).

Conclusão: Na adolescência verifica-se com frequência a manutenção ou ressurgimento de psicopatologia que acompanha os jovens desde idades anteriores. A variabilidade encontrada quando se relacionam as continuidades sintomáticas e as diagnósticas sugere alguma cautela: os diagnósticos podem ser falíveis e mutáveis, refletindo os diferentes processos de desenvolvimento das crianças.

Palavras-chave: infância, adolescência, psicopatologia, continuidade homotípica, continuidade heterotípica.