imagem top

2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

CHULC LOGOlogo HDElogo anuario

ARTRITE SÉPTICA CAUSADA POR HAEMOPHILUS INFLUENZAE SEROGRUPO A - INDICAÇÃO PARA INVESTIGAÇÃO DE DOENÇA SUBJACENTE?

Catarina Borges1, Maria Graça Seves1,Isabel Brito Lança1, João Farela Neves2, Conceição Neves2

1- Serviço de Pediatria Médica, Hospital José Joaquim Fernandes, Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo
2-Unidade de Imunodeficiências Primárias, Área de Pediatria Médica, Cento Hospitalar de Lisboa Central, EPE,Lisboa

XIV Jornadas de Infeciologia Pediática, Guimarães

Introdução:
A artrite séptica tem uma incidência estimada de 5 casos por 100.000 crianças e é mais frequente naqueles com idade inferior a 3 anos e no sexo masculino. Afecta preferencialmente as articulações coxo-femural e do joelho, sendo o diagnóstico  precoce fundamental para a manutenção da integridade e funcionalidade articular. Os agentes mais frequentes são o Staphylococcus aureus, o Streptococcus pyogenes e, em algumas regiões, a Kingella kingae. O Haemohhilus influenzae deixou de ser um causador frequente de artrite após a implementação  da vacinação universal contra o serotipo invasivo mais frequente (Hib).

Caso Clínico:
Descreve-se o caso de uma criança de 22 meses, do sexo masculino, que dá entrada no serviço de urgência por primeiro episódio de convulsão febril, associado a claudicação da marcha. Sem alterações ao exame objectivo para além de dor à mobilização da anca direita, com posição preferencial em semi-flexão. Dos antecedentes pessoais, destaca-se diarreia crónica em investigação, sem repercussão sob o estado nutricional. A ecografia da anca revelou líquido não puro intra-articular, assumindo-se a hipótese diagnóstica de artrite séptica, pelo que iniciou cefuroxime. Realizou artrotomia, com saída de líquido purulento e, a hemocultura revelou  Haemohhilus influenzae serotipo a, tendo completado 4 semanas de antibióticoterapia com resolução clínica e laboratorial. O estudo imunitário revelou hipogamaglobulinémia e ausência de linfócitos B, permitindo o diagnóstico de agamaglobulinémia. Actualmente encontra-se sob terapêutica substitutiva com imunoglobulina sub-cutânea. A diarreia crónica respondeu ao tratamento com cotrimoxazol após isolamento de Escherichia coli enteroagregativa.

Discussão:
Apesar do potencial patogénico do agente identificado, a sua raridade e o facto de acontecer em criança com diarreia crónica  motivou a investigação de defeito imunitário subjacente. A suspeição clínica é fundamental para o diagnóstico precoce das imunodeficiências primárias, permitindo vigilância e tratamento  adequados, condicionando diminuição das eventuais sequelas e melhorando o prognóstico.

Palavras Chave: agamaglobulinémia, artrite séptica