imagem top

2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

CHULC LOGOlogo HDElogo anuario

UMA QUESTÃO DE GÉNERO – AS REFLEXÕES QUE OS ADOLESCENTES NOS IMPÕEM

Ana Teresa Prata1, Ana Barata1, Tânia Duque1, Cátia Almeida1, Rita Rodrigues1, Marta Nascimento2, João Marques1, Paula Vaz1, Fernanda Pedro1, Isabel Trindade1, Susana Pereira1, António Matos1

  1. Unidade de Pedopsiquiatria, Área de Pedopsiquiatria, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, EPE, Lisboa
  2. Serviço de Psiquiatria, Hospital Fernando da Fonseca EPE, Amadora

- Reunião de Formação Conjunta da Área de Pedopsiquiatria, 5/02/2014, Hospital Dona Estefânia (Comunicação Oral)
- XXV Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e Adolescência 2014, 14-16/05/2013, Faro (Comunicação Oral)
- 16th World Congress of Psychiatry, 14-18/09/2014, Madrid (Poster)

Introdução e Objetivos: Uma das principais tarefas da adolescência é o desenvolvimento da identidade, que inclui a identidade de género. Alguns adolescentes reconhecem-se em identidades, expressões e papéis de género que desafiam a norma. Assim, os profissionais de saúde que lidam com esta faixa etária deverão conhecer estas identidades não-conformativas e compreender o que é o género e aquilo que representa para os adolescentes de hoje em dia.

Métodos: Partindo das afirmações relacionadas com o género de alguns adolescentes que frequentam o Hospital de Dia da Clínica da Juventude, faz-se uma revisão dos termos do “guarda-chuva trans”, dos papéis sociais de género ao longo da História e as teorias de desenvolvimento de identidade de género.

Resultados: O “guarda-chuva trans” é um termo que engloba todas as identificações de género que desafiam as expetativas de expressão de género congruente com o sexo designado à nascença. Os diferentes termos incluídos no guarda-chuva trans são construtos socias que variam ao longo do tempo e entre diferentes culturas. O conceito de género tem também mudado ao longo dos séculos e estes conceitos, combinados com um crescente conhecimento científico, têm influenciado o papel social e as teorias de desenvolvimento de identidade de género.

Conclusões: A procura da originalidade no desenvolvimento de identidade do adolescente revela-se pelo questionamento dos papéis e normas binárias esperadas, que podem ser sentidas como restritivas à expressão de si próprio. A sensação de ser diferente impele os adolescentes na procura de identificação, reconhecimento e aceitação entre os pares. No entanto, nem todos os adolescentes de género não-conformativo procuram serviços de saúde mental. Questionamos se o enfoque que por vezes se coloca nestas questões ofuscará a real problemática do adolescente. O género é, para estes adolescentes, apenas uma porção da sua identidade e não o núcleo da sua disfunção.

Palavras Chave: adolescência, identidade de género, transgénero, androginia