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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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UM CASO TARDIO DE HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR

Nicole Pinto, Sónia Rosa, Paula Leiria Pinto

Serviço de Imunoalergologia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central E.P.E.

- 35ª Reunião Anual da SPAIC 2014, 03-05/10/14 (Poster)

Introdução: A alergia às proteínas lo leite de vaca (APLV) é a alergia alimentar mais comum em idade pediátrica, afetando 2-6% das crianças, com uma maior prevalência no primeiro ano de vida. A síndrome de enterocolite induzida por proteínas alimentares (SEIPA) ao leite de vaca (LV)é uma forma rara de alergia alimentar não IgE mediada, com uma incidência cumulativa de 0,34%.
Caso Clínico: lactente de 5 meses, do sexo feminino, leucomelanodérmica, com antecedentes de eczema atópico, referenciada à consulta de Imunoalergologia por suspeita de APLV. Fez leite adaptado na maternidade e manteve aleitamento materno exclusivo até aos 3,5 meses, altura em que iniciou suplemento com leite adaptado. Cerca de 2 semanas depois, iniciou quadro de urticária generalizada acompanhada de edema bilateral das mãos e dos pés, que reverteu sem qualquer tratamento Iniciou leite extensamente hidrolisado com boa tolerância. Os testes cutâneos por picada e o doseamento das IgE específicas foram negativos para LV, caseína, beta-lactoglobulina e alfa-lactoalbumina. Procedeu-se a prova de provocação oral aberta com proteínas de leite de vaca, atingindo-se a dose cumulativa programada. Cerca de 2 horas depois de terminar a prova, ainda no período de vigilância, teve 2 episódios de vómitos alimentares em jato, acompanhados de palidez e letargia muito marcadas. Sem urticária, angioedema ou queixas respiratórias acompanhantes. Iniciou hidratação rápida por via endovenosa com boa recuperação clínica, tendo alta assintomática cerca de 6 horas após a prova, com indicação para retomar o leite extensamente hidrolisado previamente tolerado. Não teve dejeções diarreicas. Por motivos económicos, aos 7 meses efetuou-se prova de provocação oral aberta com soja, após colocação de acesso endovenoso e seguindo o protocolo da SEIPA, que foi negativa.
Discussão: Este caso realça a importância da realização das provas de provocação em meio hospitalar, por profissionais qualificados, com um período de vigilância adequado, mesmo em doentes com testes cutâneos e IgEs específicas negativas. A soja foi uma boa alternativa, contrariando alguns dados iniciais da literatura.

Palavras Chave: APLV, alergia alimentar, SEIPA