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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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ALERGIA AO COENTRO: DOIS CASOS EM IDADE PEDIÁTRICA


David Pina Trincão, Miguel Paiva, Elena Finelli, Sara Prates, Paula Leiria Pinto

Serviço de Imunoalergologia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa;

XXXV Reunião Anual da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, Porto, outubro 2014 (poster com discussão)

Introdução: O coentro é um vegetal pertencente à família Apiaciae, amplamente utilizado na confeção alimentar. Estão descritos casos de reação alérgica após ingestão de coentros no contexto de reatividade cruzada (RC) associada a polinose. De facto, estão identificados 2 alergénios de RC nos coentros: uma PR-10 (Cor s 1) e uma profilina (Cor s 2). Descrevem-se dois casos clínicos de doentes pediátricos com reação alérgica após o consumo de coentros.

Casos Clínicos:
Caso 1 (C1): doente de 12 anos (A), sexo masculino, seguido desde os 2A na nossa consulta por eczema atópico, rinite alérgica e alergia alimentar múltipla a ovo, pêssego (pele) e frutos secos (cajú). Aos 5A desenvolveu episódio de urticária da face imediatamente (<5’) após ingestão de sopa de coentros. Realizou teste cutâneo por picada (TCP) com coentro em natureza que foi positivo. Nos restantes exames realizados destaca-se: TCP positivos para pólenes de gramíneas, oliveira, plantago, salsola e LTP; no estudo ISAC, relativamente a componentes de RC, observou-se sensibilização apenas a Pru p 3 e proteína idêntica à Taumatina.
Caso 2 (C2): criança de 6A, sexo feminino, seguida em consulta desde os 4A por asma e rinite alérgica. Aos 5A desenvolveu 2 episódios de urticária generalizada 20’ após refeição de frango cozido com caldo solúvel condimentado com coentros. Realizou posteriormente TCP para os alimentos suspeitos, com positividade apenas para coentros. Nos restantes exames realizados destaca-se: TCP positivos para pólenes de gramíneas, oliveira e profilina; no estudo ISAC confirmou-se sensibilização a profilinas.

Discussão: A alergia aos coentros está maioritariamente descrita em adultos. Nos casos pediátricos apresentados, a RC no contexto de polinose também pode ter relevância. O C2 parece enquadrar-se na alergia ao coentro mediada por profilina. No C1 será necessário realizar estudo de inibição por immunoblotting para caracterizar os alergénios implicados e confirmar eventual RC. Este estudo permitiria avaliar o eventual envolvimento de LTP o que, a confirmar-se, constituiria um padrão de alergia IgE mediada ainda não descrito para o coentro.

Palavras Chave: alergia alimentar, coentro, reatividade cruzada