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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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TUMORES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL – CASUÍSTICA DE 10 ANOS NUMA UNIDADE DE CUIDADOS INTENSIVOS PEDIÁTRICOS

Maria Soto-Maior Costa1; Gabriela Botelho2; Sofia Carneiro3; Gabriela Pereira3; João Estrada1

1 - Área de Pediatria, Hospital de Dona Estefânia - Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central;
2 - Serviço de Pediatria, Hospital do Espírito Santo, Évora;
3 - Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Hospital de Dona Estefânia - Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central

- XXIV Reunião Anual Sociedade de Cuidados Intensivos Pediátricos – 2022 – Poster

Introdução: As neoplasias do sistema nervoso central (SNC) constituem os tumores sólidos mais frequentes em idade pediátrica, com pico de incidência entre os 3 e os 7 anos. Apesar dos avanços na identificação e abordagem deste tipo de tumores, ainda representam uma causa muito importante de morbilidade e mortalidade.
Objetivos: Caracterizar as admissões por pós-operatório de tumor do sistema nervoso central (SNC) numa UCIP durante um período de 10 anos (2012-2021).
Metodologia: Estudo observacional, analítico, retrospetivo. Dados recolhidos dos processos clínicos. Análise estatística com SPSS® (p-value ≤ 0,05).
Resultados: Neste período foram admitidos 120 doentes, correspondentes a 144 internamentos (16,6% reinternamentos). A mediana de idades foi de 96 meses e 59% eram doentes do sexo masculino. A mediana de internamento foi de 2 dias (mín 2 dias, máx 72 dias). A localização mais frequente foi supratentorial (50%) e o tipo histológico, o astrocitoma (33%). Das intervenções realizadas, 77,1% corresponderam a resseção, 11,8% a biópsia, e as restantes deveram-se a terapêutica cirúrgica de hidrocefalia. A necessidade de ventilação invasiva (VMI) verificou-se em 14,6% dos internamentos, e de suporte inotrópico ou vasoactivo em 2,8%. Durante o internamento na UCIP, 29,2% dos 32 ­doentes tiveram algum tipo de complicação cirúrgica, sendo a mais frequente a presença de um novo défice neurológico à data de alta (9,7%, n=14). Dois doentes faleceram: um após hemorragia intracraniana, e outro por progressão da doença. Não se verificou relação estatisticamente significativa entre a localização do tumor e a ocorrência de complicações, nem com a necessidade de aminas ou VMI. Discussão e Conclusão: A literatura existente acerca da caracterização dos doentes pediátricos com tumores do SNC e suas complicações pós-operatórias é escassa. Ainda assim, a taxa de complicações, a necessidade de VMI e de suporte aminérgico da nossa amostra é globalmente inferior à verificada na literatura. Contudo, o facto de cerca de 1/3 dos doentes apresentarem algum tipo de complicação, justifica a sua vigilância e monitorização em contexto de UCIP.

Palavras Chave: neoplasia; sistema nervoso central; neurocirurgia; pós-operatório; cuidados intensivos pediátricos