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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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PERTURBAÇÕES DE SONO E DÉFICE DE FERRO

Joana Vasconcelos1, Margarida Simão1, Lia Mano2, Sílvia Afonso2

1 - Pediatria Médica, Área de Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
2 - Unidade de Desenvolvimento, Área de Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa

- Seção clínica da Área de Pediatria Médica 

O sono é um processo fisiológico ativo e cíclico fundamental para uma vida saudável. As perturbações do sono nas crianças têm um impacto significativo na saúde física e mental dos seus pais e na relação mãe-bebé. Sabemos que a doença mental de mãe, nomeadamente a depressão pós-parto contribui para dificuldades na vinculação o que, por outro lado, agrava a qualidade de sono no bebé, alimentando um ciclo vicioso. Por este motivo a consulta de sono dos bebés funciona no Centro de Estudos do Bebé e da Criança (CEBC) onde existe uma articulação estreita entre a pedopsiquiatria e a pediatria, permitindo melhorar aspetos orgânicos na criança que interfiram com o seu sono e aspetos emocionais e da relação mãe-bebé. As perturbações do sono são muito prevalentes nas crianças com perturbações do neurodesenvolvimento, sendo múltiplas as causas, e com impacto bidirecional. A melhoria da qualidade do sono nestas crianças melhora os tempos de atenção, permite uma melhor regulação emocional e possivelmente melhora também a linguagem. Segundo a ICSD3 a insónia é a dificuldade persistente na iniciação de sono, duração, consolidação ou qualidade apesar da existência de circunstâncias adequadas para dormir, com impacto negativo durante o dia. A prevalência de insónias nas crianças em idade pré-escolar é de 25-50%, sendo a sua etiologia multifactorial. Nos últimos anos, em medicina do sono, tem sido progressivamente atribuído maior relevo ao impacto da diminuição dos níveis de ferro no sistema nervoso central (SNC) na qualidade do sono, não só por estudos feitos ao nível da Síndrome das Pernas Inquietas (RLS), como pela descrição de uma nova entidade clínica a Síndrome do Sono Agitado (RSD), em 2018. A avaliação dos níveis de ferro no SNC faz-se de forma indireta e o marcador bioquímico mais fidedigno é a Ferritina. Alguns autores referem ainda que níveis baixos de ferritina contribuem para um sono agitado e interrompido nos bebés e crianças abaixo dos 6 anos de idade, nas quais não se consegue ainda de forma clara diagnosticar RLS ou RDS. Nesta apresentação os autores fazem uma revisão teórica da importância do ferro no sono das crianças seguida de um estudo exploratório retrospetivo das crianças observadas na consulta de sono no CEBC.