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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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ADAPTAÇÃO DAS FAMÍLIAS DE CRIANÇAS EM ACOMPANHAMENTO PEDOPSIQUIÁTRICO NA FASE DE CONFINAMENTO DURANTE A PANDEMIA COVID-19

Nádia Almeida Barradas1; Madalena Ferro Rodrigues1, Joana Correia1, Ana Teresa Prata1, Sílvia Pimenta1, Cristina Marques1

 1 - Pedopsiquiatria, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa

- Reunião da especialidade

Introdução: A pandemia e o confinamento implicaram alterações do ambiente psicossocial que excederam os recursos e capacidade de acomodação de muitas famílias. Alguns grupos parecem estar sujeitos a maior risco, nomeadamente as crianças, os adolescentes e os indivíduos com história pessoal de doença mental, que revelam, habitualmente, uma menor capacidade de compreender e interpretar as circunstâncias que os rodeiam, bem como uma maior dificuldade na expressão dos seus sentimentos e preocupações.

A população pediátrica em acompanhamento pedopsiquiátrico é caracteristicamente mais vulnerável, muitas vezes pertencente a famílias multidesafiadas, com dificuldades sociais, económicas e/ou habitacionais importantes.

Objetivos: Caracterizar a adaptação das famílias de crianças em acompanhamento em Pedopsiquiatria durante o confinamento no contexto da pandemia COVID-19, com especial atenção para os efeitos no quadro clínico da criança.

Métodos: Estudo observacional, transversal, realizado através da criação de uma base de dados baseada num questionário telefónico criado para o efeito. A análise estatística foi efetuada com recurso ao Statistical Package for the Social Sciences (SPSS).  Foi considerado como nível de significância estatística um valor-p < 0,05.  Recorreu‑se ao teste de Qui‑quadrado de Pearson como medida de inferência na avaliação das variáveis categóricas.
Resultados: Apesar do contexto difícil, houve um agravamento do quadro clínico em menos de 20% das crianças. Parece existir uma associação entre a estabilização do quadro clínico da criança/adolescente e as seguintes variáveis: manutenção de contactos com colegas/amigos, psicopatologia no agregado familiar, aumento da conflitualidade familiar, níveis de ansiedade e surgimento de pensamentos negativos no cuidador.
Conclusões: Os resultados mostram a importância da promoção de contacto dos jovens com os seus pares, bem como da criação de estratégias de coping em antecipação ao aumento dos níveis de ansiedade dos cuidadores e do acompanhamento especializado dos familiares com psicopatologia.

Palavras Chave: Adolescentes, confinamento, covid-19, crianças, saúde mental.