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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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ENCEFALITES A VÍRUS INFLUENZA

Ana Pereira Lemos1, José Pedro Vieira2, Maria João Brito1

1- Unidade de Infecciologia, Área de Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
2- Unidade de Neuropediatria, Área de Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa

- 20º Congresso Nacional de Pediatria

Introdução: O vírus influenza pode causar complicações neurológicas que, embora raras, afetam mais a criança (2-12% das crianças com gripe). Ocorrem por invasão direta do vírus no sistema nervoso, mas podem associar-se a fenómenos imunomediados pós-infeciosos.
Objetivos: Caracterizar as encefalites a influenza num hospital terciário.
Métodos: Estudo descritivo de 2014 a 2019, de encefalite por vírus influenza. O vírus foi identificado por polimerase chain reaction nas secreções respiratórias. Analisados dados sócio-demográficos, clínicos, diagnóstico e terapêutica. SPSS22®; α≤0,05.
Resultados: Registaram-se 17 encefalites (6,8%) de 249 doentes internados por gripe, com mediana de idades de 3 anos. O vírus H1N12009 foi o mais frequente (11), seguido do H3N2 (4) e influenza B (2). Tinham doença crónica 7 doentes e nenhum estava vacinado. Na maioria diagnosticou-se encefalite primária (12) em média ao 4º dia de doença. A clínica cursou com alteração do estado de consciência (17), convulsões (5), alteração do comportamento (2) e sinais neurológicos focais (1) e o EEG com traçado lentificado (11). Em 7 casos não havia alterações do LCR. Na RM-CE das encefalites primárias identificou-se rombencefalite (1) e leptomeningite (1) e nas pós-infeciosas encefalite necrotizante aguda (ENA) (3). Todos fizeram oseltamivir e na ENA imunoglobulina e/ou metilprednisolona. Os doentes com encefalite pós-infeciosa foram os que mais necessitaram de cuidados intensivos (p=0,028) e evoluíram com sequelas. Não foram estatisticamente significativas nas diferentes encefalites alterações no LCR, EEG e RM-CE.
Conclusões: As encefalites pós-infeciosas associaram-se a maior morbilidade. Os exames de imagem são importantes no diagnóstico e tratamento. A vacinação dos grupos de risco é fundamental na prevenção.

Palavras Chave: encefalite pós-infeciosa; encefalite primária; vírus influenza