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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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ANAFILAXIA INDUZIDA POR FARINHA DE TRIGO CONTAMINADA POR ÁCAROS E HIPERSENSIBILIDADE A AINES

M. Lobato1, A. Palhinha1, A. M. Romeira1, P. Leiria-Pinto1,2

1 - Serviço de Imunoalergologia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E.,, Lisboa, PORTUGAL,
2 - CEDOC, Integrated Pathophysiological Mechanisms Research Group, Nova Medical, Lisboa, PORTUGAL

- 40ª Reunião Anual da SPAIC, apresentação sob a forma de Poster, 11 a 13 de Outubro de 2019, Palácio de Congressos de Albufeira. Prémio de 1º melhor caso clínico na sessão de Casos Clínicos sobre Alergia Alimentar / Alergia Cutânea / Imunoterapia

Objectivo: Os primeiros casos de anafilaxia induzida por ingestão de farinha de trigo contaminada por ácaros (Síndrome da Panque- ca) foram descritos em 1993. Está reportada uma maior frequên- cia de hipersensibilidade (HS) a anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs) em doentes com esta síndrome.
Caso Clínico: Rapaz de 12 anos, antecedentes de rinite, referen- ciado à consulta de Imunoalergologia (IAL) por suspeita de Anafi- laxia sem desencadeante identificado e de HS a AINE e Amoxici- lina (Ax). Em Junho/2018, 30 minutos após toma de ibuprofeno (Ib) e Ax desenvolveu edema palpebral exuberante. Em Julho e Agosto de 2018, 15 minutos após ingestão de frango panado e pescada frita com panqueca, respectivamente, refere mal-estar, prurido cutâneo generalizado, hipersudorese, dor ab- dominal, dispneia com sensação de aperto orofaríngeo, prurido nasal, ocular e rinorreia anterior. Recorreu ao SU onde foi medi- cado com adrenalina I.M, corticoide e anti-histamínico, em ambos episódios.
Todos os alimentos ingeridos foram posteriormente tolerados tendo-se verificado que nas 2 reações foi usada farinha da mesma marca (pacotes distintos), que não voltou a ser utilizada.
Fez testes cutâneos prick que foram positivos para ácaros do pó doméstico/armazenamento e farinha de trigo em natureza (paco- te utilizado na 2.a reação) e negativos para farinha de trigo sem fermento e com fermento da mesma marca (novos pacotes). Quanto à suspeita de alergia a fármacos, excluiu-se hipersensibi- lidade a Ax (testes cutâneos com beta-lactâmicos e prova de pro- vocação oral (PPO) com Ax negativos) e confirmou-se hipersen- sibilidade a Ib (PPO positiva) e tolerância a paracetamol e nimesulide (PPO negativas).
O doente ficou com indicação para evicção de alimentos que con- tenham farinhas não armazenadas com cuidados adequados. Foi prescrito auto-injector de adrenalina, corticoide oral e anti-hista- mínico, como medicação de SOS. Ficou, ainda, com indicação de evicção de AINE inibidores da ciclo-oxigenase 1 até conclusão do estudo.
Resultados e conclusões: Atendendo a estes resultados e à história clínica, assumiu-se o diagnóstico de “Síndrome da Panque- ca”. Assim, em doentes com anafilaxia sem causa aparente e com antecedentes de patologia alérgica respiratória e hipersensibilida- de a AINEs devemos lembrarmo-nos das reações alérgicas a fari- nhas contaminadas por ácaros, entidade que apesar de rara, pode ser muito grave.