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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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TRAUMA VASCULAR PEDIÁTRICO

Sofia Morão1, Nelson Camacho2, Rita S Ferreira2, Frederico B Gonçalves2, Vanda Pratas Vital1, M Emília Ferreira2, L Mota Capitão2

 

1 – Serviço de Cirurgia Pediátrica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, Portugal
2 - Serviço de Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta, Centro Hospitalar Lisboa Central, Portugal

- Comunicação oral apresentada noXVII Congresso da Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular, Évora, 15 a 17 de Junho de 2017

Introdução/ Objectivos: As lesões vasculares traumáticas não iatrogénicas em idade pediátrica são raras e pouco descritas na literatura. As lesões vasculares nas crianças impõem uma série de desafios sobretudo devido ao seu crescimento contínuo. O objectivo deste estudo é caracterizar as estratégias de abordagem, os resultados a curto e longo prazo, morbilidade e mortalidade associadas a lesões vasculares, por trauma penetrante ou contuso, na cabeça/ pescoço, tronco e extremidades.
Material e métodos: Análise retrospectiva de doentes com menos de 18 anos admitidos num centro hospitalar pediátrico terciário, com lesões vasculares agudas traumáticas não iatrogénicas, no período compreendido entre Janeiro de 2009 e Dezembro de 2015. Foram analisadas as características demográficas dos doentes, as características das lesões, a abordagem cirúrgica, complicações e o seguimento dos doentes a longo prazo.
Resultados: Durante o período analisado, foram incluídas 21 crianças. A maioria era do sexo masculino (n=16) e a mediana da idade foi 14 anos (entre os 1 e 16 anos). O mecanismo dominante foi o traumatismo penetrante (n=21), principalmente por vidro (n=13). Na apresentação, 4 doentes estavam instáveis do ponto de vista hemodinâmico, 3 dos quais em choque hipovolémico. Foram tratadas no total 23 lesões vasculares, 17 arteriais e 6 venosas. Todos os doentes foram submetidos a cirurgia. As intervenções para as lesões arteriais incluíram anastomoses primárias, 4 anastomoses com enxerto venoso, 8 laqueações, 1 fasciotomia, 8 tenorrafias e 11 neurorrafias. As intervenções para as lesões venosas consistiram em 4 laqueações e 2 anastomoses primárias. Não foram registadas complicações no intra ou no pós-operatório imediato. O tempo mediano de internamento hospitalar foi de 6 dias (entre os 2 e os 23 dias). O tempo mediano de seguimento foi 52 meses (entre os 20 e os 94 meses). Dez doentes estavam assintomáticos e 11 doentes referiam limitações na mobilidade e/ ou diminuição da sensação a curto prazo. Não foi necessário realizar qualquer amputação e não foi houve nenhuma morte.
Conclusões: O trauma vascular pediátrico é raro. O traumatismo penetrante é o mais frequente e as extremidades são a localização anatómica mais frequentemente atingida. A anastomose arterial primária deve ser feita sempre que possível, sendo o enxerto venoso autólogo uma boa alternativa. De uma forma geral, a morbilidade advém principalmente das lesões tendinosas e nervosas associadas a este tipo de trauma.

Palavras-chave: trauma vascular, idade pediátrica