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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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TRATAMENTO CIRÚRGICO DO VARICOCELO – CASUÍSTICA DE 7 ANOS

Ema Santos1,2, Dinorah Cardoso1, Joana Patena Forte1, Fátima Alves1, João Pascoal1

1 Serviço de Cirurgia Pediátrica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central
2 Serviço de Cirurgia Pediátrica, Hospital Central do Funchal

- Congresso Nacional da Sociedade Portuguesa de Cirurgia Pediátrica 2017

Introdução: O varicocelo é a causa corrigível mais comum de infertilidade masculina. A sua incidência na adolescência ronda os 15%. Nesta idade, o objetivo do tratamento é prevenir as alterações fisiopatológicas que determinam a infertilidade. Existem várias opções de tratamento, onde se inclui cirurgia aberta, laparoscópica, escleroterapia ou embolização. Este estudo tem como objetivo analisar os resultados do tratamento cirúrgico do varicocelo, nos últimos 7 anos, relacionando as taxas de recidiva e hidrocelo com as técnicas cirúrgicas utilizadas no serviço.
Métodos: Análise retrospetiva dos processos clínicos dos pacientes pediátricos com varicocelo tratados cirurgicamente entre janeiro de 2010 e dezembro de 2016 no Hospital Dona Estefânia.
Resultados: No período estudado, foram tratados 63 pacientes, tendo sido excluídos 7 casos por registos clínicos incompletos. A idade média foi de 14 anos. Excetuado um caso de ocorrência bilateral, o varicocelo localizou-se à esquerda. De acordo com a classificação de Dubin e Amelar, 24 pacientes tinham varicocelo grau II e 32 grau III. As indicações para cirurgia foram: varicocelos grau III com ou sem sintomas (26 casos), grau III com assimetria testicular (6 casos), grau II com sintomas (21 casos), grau II com assimetria testicular (2 casos) e varicocelo bilateral (1 caso). Foi realizada laqueação da veia espermática por laparoscopia em 28 casos e abordagem por via inguinal (Ivanissevich) em 28 casos. As taxas globais de recidiva e hidrocelo foram de 5,4% e de 30,4%, respetivamente. Nos pacientes tratados com a técnica laparoscópica, a taxa de recidiva foi de 3,6% e a de hidrocelo de 39,3% comparativamente à cirurgia de Ivanissevich, cuja taxa de recidiva foi de 7,1% e de hidrocelo de 21,4%. Não se encontrou significância estatística nas taxas de recidiva (p=0,38) e hidrocelo (p=0,08) comparando os dois grupos de tratamento. A atrofia do testículo pós-varicocelectomia ocorreu em 2 casos tratados pela abordagem inguinal.
Conclusão: Apesar deste estudo apresentar limitações devido ao seu desenho retrospetivo e amostra pequena, a taxa global de hidrocelo é superior à descrita para cada técnica (laparoscópica 0-13% vs abordagem inguinal 0 -17%). Taxas mais baixas de hidrocelo (<1%) e recorrência (1-3%) têm sido referidas na microcirurgia subinguinal motivo pelo que devemos considerar essa técnica como opção terapêutica.

Palavras-chave: varicocelo; tratamento cirúrgico