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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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TESTES CUTÂNEOS COM PPL E MDM NO DIAGNÓSTICO DE ALERGIA A BETALACTÂMICOS - PRECISAMOS RECONSIDERAR?

1Ana Margarida Romeira; 1Ana Castro Neves; 1Cátia Alves; 1,2João Marques; 1,2Pedro Martins; 1,2Paula Leiria Pinto

1-Serviço de Imunoalergologia Dona Estefânia Hospital, Centro Hospitalar Lisboa Central, Lisboa, Portugal2- CEDOC, Integrated Pathophysiological Mechanisms Research Group, Nova Medical School, Lisboa, Portugal

- XXXVI European Academy of Allergology Clinical Immunology, Helsínquia, 17-21 Junho 2017
- Apresentação como comunicação oral; publicação de resumo
- Reunião Internacional

Resumo:
Introdução: A avaliação diagnóstica das reacções de hipersensibilidade (RH) a betalactâmicos (imediata ou não imediata) inclui a realização de testes cutâneos (TC) (prick (TCP), intradérmicos(TID) e epicutâneos (TE)), testes in vitro e provas de provocação (PP) com o fármaco (suspeito ou alternativo). Os algoritmos de diagnóstico propostos pela European Network for Drug Allergy (ENDA) incluem a realização de TC com peniciloil-polilisina (PPL), mistura de determinantes minor (MDM) e benzilpenicilina (BP), juntamente com os fármacos suspeitos.
Objetivos: O trabalho teve como objectivo avaliar o papel do PPL e MDM no diagnóstico de hipersensibilidade a betalactâmicos através de testes cutâneos.
Material e métodos: realizou-se uma análise restrospectiva do algoritmo diagnóstico aplicado a doentes referenciados ao Serviço de Imunoalergologia do Hospital Dona Estefânia, com história de suspeita de alergia a betalactâmicos, durante um período de 3 anos (2014 a 2016). Todos os doentes realizaram TCP e TID com PPL, MDM, BP, amoxicilina / ácido clavulânico (AC), cefuroxima e o betalactâmico suspeito. As PP foram realizadas de acordo com os resultados obtidos (betalactâmico suspeito ou alternativo).
Resultados: Foram avaliados 105 doentes, com idades entre os 5 e 82 anos (média de 36,8 anos, σ 21,8 anos); 75 eram do sexo feminino. As RH foram classificadas como imediatas (até 1 hora após a administração) em 41 doentes e não imediatas (mais de 1 h após a administração) em 60 doentes. Em 4 doentes, não foi possível estabelecer a cronologia da reacção. Os TC foram positivos em 13 doentes (12,4%): cefazolina (1), cefuroxima (1), BP (3: um com PPL e MDM negativos e os outros 2 com PPL e MDM positivos) e AC (9). Todos os TCP com PPL e / ou MDM positivos foram também positivos para BP. Não existiram reacções sistémicas associadas aos TC. Sete doentes com TC negativos apresentaram PP positiva com o fármaco suspeito. O valor preditivo negativo dos TC (BP, AC, cefuroxima e betalactâmico suspeito, excluindo PPL e MDM) foi de 92,4%.
Conclusões: Na nossa amostra, o uso de PPL e MDM na avaliação diagnóstica de RH a betalactâmicos não melhorou o diagnóstico de alergia. Os TC foram seguros. Considerando o tempo dispendido e os custos associados, pode ser razoável realizar TC somente com BP, AC, cefuroxima e o betalactâmico suspeito, podendo o PPL e MDM ser realizados em casos mais graves (reações anafiláticas, por exemplo) se os outros testes forem negativos.

Palavras Chave: hipersensibilidade a betalactâmicos, diagnóstico de alergia a fármacos,