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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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FEBRE, TOSSE E MIALGIAS

Joana Simões1; Catarina Gouveia1; Marta Oliveira2; Flora Candeias1; João Neves1,2; José Pedro Vieira3; Maria João Brito1

1 - Unidade de Infecciologia Pediátrica, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa
2 - Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa
3 - Serviço de Neurologia Pediátrica, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa

- Publicação sob forma de caso clínico interativo online na área de Formação Contínua do site da Sociedade Portuguesa de Pediatria

Resumo:
Introdução: O vírus pandémico influenza A H1N1/2009 tem causado um número considerável de casos graves e/ou fatais, mais de 25% em indivíduos previamente saudáveis.
Descrição de Caso: Rapariga de 13 anos com síndrome gripal, internada por hipoxémia (SpO291%) com agravamento clínico e radiológico e evolução para insuficiência respiratória aguda e ARDS. Verificou-se deterioração do quadro com critérios de síndrome de choque tóxico (febre ≥38,9ºC, hipotensão, falência multiorgão – pulmonar, hematológico, renal e hepático - e descamação palmo-plantar tardia. Na hemocultura isolou-se Staphylococcus aureus meticilino-sensível. A PCR foi positiva para influenza A H1N1/2009. Medicada com vancomicina, clindamicina e oseltamivir (7mg/kg/dia) (12dias) esteve sob ventilação mecânica invasiva (13dias) e suporte aminérgico (7dias). Na 4ª semana de doença surgiu diminuição da força muscular e hiperalgesia dos membros inferiores. A punção lombar apresentava dissociação albumino-citológica e EMG era compatível com neuropatia axonal de predomínio motor. Realizou imunoglobulina 400mg/Kg/dia (5 dias) com melhoria muito lenta do quadro neurológico. Na alta (D48) apresentava atelectasias, pneumatocelos e bronquiectasias e sequelas neurológicas com necessidade de reabilitação física e terapêutica com gabapentina, amitriptilina e diazepam. Após 6 meses já sem dor, tinha ainda EMG com mononeuropatia grave do nervo grande ciático direito sem evidência de reinervação.
Comentários / Conclusões: A gripe não é sempre uma doença benigna. A síndrome de choque tóxico estafilocócico e o síndrome de Guillain-Barré são complicações raras mas possíveis mesmo em doentes sem factores de risco. Deve a vacinação ser só para grupos de risco?

Palavras Chave: Gripe A H1N1/2009, Síndrome do choque tóxico estafilocócico, Síndrome de Guillain-Barré, Vacinação contra a gripe