imagem top

2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

CHULC LOGOlogo HDElogo anuario

CASOS CLÍNICOS SEM DIAGNÓSTICO – PARAPLEGIA ESPÁSTICA 52 CAUSADA POR UMA NOVA VARIANTE DO AP4S1?

Clara Marecos1, 2; Ana Cristina Ferreira3; Carla Conceição4; Rita Louro Guerreiro5; José Tomás Brás5; Sofia Duarte1

1 - Serviço de Neurologia Pediátrica, Área de Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, Lisboa
2 - Serviço de Pediatria Hospital Fernando Fonseca, Amadora
3 - Unidade de Doenças Metabólicas, Área de Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, Lisboa
4 - Serviço de Neurorradiologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, Lisboa
5 - UK Dementia Research Institute at UCL and UCL Institute of Neurology

Reunião de Outono da Sociedade Portuguesa de Neuropediatria “Casos Clínicos sem Diagnóstico”, 29 Setembro 2017, Coimbra (comunicação oral)

Introdução: A identificação de novas variantes em homo ou heterozigotia em genes e regiões altamente conservados por arrayCGH ou sequenciação completa do genoma implica ainda dificuldades de interpretação e de diagnóstico definitivo.
Caso Clínico: Rapaz de 2 anos, primeiro filho de pais não consanguíneos, gestação de termo com restrição do crescimento intrauterino desde as 37 semanas. Durante o período neonatal apresentou fracos reflexos de sucção, hipoglicémia e má progressão ponderal com recuperação espontânea. A cromatografia de aminoácidos revelou aumento da glutamina, alanina e ornitina e citrulina baixa que normalizaram com dieta hipoproteica. Desde os 9 meses apresentou atraso evidente do desenvolvimento psicomotor, estrabismo e hipotonia. Nesta altura a RM demonstrou atraso de mielinização, polimicrogíria, disgenésia do corpo caloso, dilatação e dismorfia dos ventrículos e alargamento do espaço subaracnoideu fronto-temporal, sem alterações na espetroscopia. Aos 15 meses tem um episódio de status epiléptico com resposta ao levetiracetam. Aos 2 anos mantém quadro clínco sobreponível, sem evidência de sinais piramidais. O estudo do exoma identificou noa variante em homozigotia do gene AP4S1. A restante investigação genética e metabólica foi negativa.
Conclusões: O gene AP4S1 codifica uma proteína dos complexos proteicos adaptadores envolvidas na secreção e endocitose de vesículas. Mutações em homozigotia neste gene foram previamente associadas a paraplegia espástica 52 (PSG52), uma condição descrita em 11 crianças e caraterizada por dismorfia, hipotonia neonatal com progressão para hipertonia e espasticidade com perda da marcha, convulsões e défice cognitivo com ausência de linguagem. As alterações descritas na RM CE incluem estenose aqueduto, hipomielinização, ausência de corpo caloso e ausência de diferenciação da substância branca/substância cinzenta nos gânglios da base. Os autores apresentam este caso para discussão sobre a patogenicidade destas alterações e correlação genotipo-fenotipo