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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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ARTÉRIA BASILAR AUSENTE – UMA CAUSA RARA DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÉMICO

Rute Baeta Baptista1, Maria Inês Oliveira2, João Estrada1, Marta Oliveira1, Rita Silva3, Telma Francisco4, Margarida Paula Ramos5, Margarida Santos1

1 – Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos do Hospital de Dona Estefânia, CHLC, EPE
2 – Serviço de Anestesiologia, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, CHLO, EPE
3 – Serviço de Neurologia Pediátrica do Hospital de Dona Estefânia, CHLC, EPE
4 – Unidade de Nefrologia Pediátrica do Hospital de Dona Estefânia, CHLC, EPE
5 – Unidade de Reumatologia Pediátrica do Hospital de Dona Estefânia, CHLC, EPE

XX Reunião da Sociedade de Cuidados Intensivos Pediátricos. Lisboa, 24 de Novembro de 2017 (poster) 

Resumo:
Introdução: Os enfartes do território da artéria basilar representam cerca de 6% dos acidentes vasculares cerebrais (AVC) isquémicos em idade pediátrica. A hipoplasia da artéria basilar tem sido descrita como factor de risco para eventos isquémicos da circulação posterior em adultos, mas desconhecem-se dados relativos à população pediátrica.
Relato de caso: Criança com 34 meses de idade, género feminino, levada ao Serviço de Urgência por desvio da marcha para a direita com 24 horas de evolução. Ao exame objectivo destacava-se PA 190/123 mmHg; FC 120 bpm; hemangioma na região mentoniana direita; três manchas café-au-lait; sindactilia; hemiataxia direita e fundoscopia com pulso venoso ausente bilateralmente. A tomografia crânio-encefálica descrevia assimetria dos seios laterais. A doente foi transferida para um hospital de nível III, após bólus de nifedipina e labetalol. A ressonância magnética revelou lesão punctiforme lateroprotuberancial direita com padrão de restrição à difusão. Admitindo-se AVC isquémico com hipertensão arterial (HTA) secundária, a doente foi internada na Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos e iniciou anti-agregação e perfusão de labetalol. Na sequência de alterações no ecodoppler transcraniano e dos vasos cervicais, realizou angiografia clássica que documentou artérias carótidas internas com múltiplas tortuosidades; artérias vertebrais de pequeno calibre e ausência da artéria basilar. No mesmo estudo, identificou-se duplicação da artéria renal esquerda com estenose bilateral das artérias renais. A doente teve alta com perfil tensional normalizado sob amlodipina e propranolol, mantendo discreta hemiataxia. A investigação etiológica em curso contempla as hipóteses de fibrodisplasia muscular, síndrome de Grange e neurofibromatose tipo 1. Aguarda estudo angiográfico das artérias carótidas externas para se programar eventual revascularização indirecta.
Conclusões: A angiografia clássica é útil para definir a anatomia vascular e identificar sinais de vasculopatia sistémica. As séries publicadas de AVC do território da artéria basilar em idade pediátrica sugerem protelar a revascularização, optando por terapêutica conservadora na fase aguda.

Palavras Chave: artéria basilar, AVC isquémico, HTA