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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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HIPOTIROIDISMO CONGÉNITO: A IMPORTÂNCIA DO RASTREIO EM CUIDADOS INTENSIVOS NEONATAIS

Filipa Marques, Andreia Mascarenhas, Luís Pereira Silva, Maria João Lage, Maria Teresa Neto, Micaela Serelha.

Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, E.P.E.

- Reunião Consensos em Neonatologia, SNN, 2012, 27/01, Leiria (Poster).

Introdução: O hipotiroidismo congénito é considerado uma das principais causas de atraso mental susceptível de prevenção. O rastreio universal permite a identificação e o tratamento precoce.

Objectivo: Realçar a dificuldade de diagnóstico em situações clínicas graves que podem mascarar o hipotiroidismo e protelar o rastreio.

Caso 1 – RN de termo, sexo masculino; antecedentes familiares e história da gravidez irrelevantes. Alta ao 2º dia. Internado ao 5º dia por recusa alimentar, letargia, movimentos tónico-clónicos, acidose metabólica, leucopénia, PCR positiva. Punção lombar traumática. Iniciou fenobarbital, fenitoína, ampicilina, gentamicina. Transferido ao 6º dia de vida para o Hospital de Dona Estefânia por choque séptico e convulsões refractárias. LCR da 2ª PL sugestivo de meningite bacteriana; hemocultura e culturas do LCR negativas. Associado cefotaxime e vancomicina. Sem novas convulsões; EEGs sem actividade paroxística. Suspendeu anticonvulsantes ao 7º dia de vida. Aos 21 dias mantinha hipotonia, intolerância alimentar, é notado choro rouco e fácies grosseira. A função tiroideia revelou TSH 1288µUI/ml; FT4 <0,25ng/dl e FT3 2,68pg/ml. Iniciou levotiroxina com melhoria progressiva. Com 1 mês e 25 dias apresenta franca melhoria da função tiroideia. Tem atrofia corto-subcortical difusa cerebral e cerebelosa. Falhou no rastreio auditivo e aguarda resultado do cariotipo.

Caso 2 - RN do sexo feminino, gravidez mal vigiada, parto eutócico às 26 semanas. Transferido para o HDE por prematuridade e extremo baixo peso. Por DMH foi administrado surfactante. Fototerapia por icterícia de início ao 2º dia. Ampicilina e gentamicina por risco infeccioso. O diagnóstico precoce em D10 revelou TSH 357,48 µUI/ml; FT4 0,51 ng/dl e FT3 1,71 pg/ml. Iniciou levotiroxina com franca melhoria da função tiroideia.

Conclusões: Estes casos realçam a importância do rastreio precoce de HC nos RN admitidos em Cuidados Intensivos independentemente da gravidade da patologia subjacente. RN prematuros, MBP e EBPN podem apresentar hipotiroxinémia transitória secundária à imaturidade do eixo hipotalâmico-hipofisário e devem ser medicados.

Palavras-chave: hipotiroidismo congénito, rastreio universal de doenças metabólicas.