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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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ENTEROVIRUS D68. VIRUS EMERGENTE TAMBEM EM PORTUGAL?

Gonçalo Padeira1, João Neves1, Rita Corte-Real2, ,Raquel Guiomar3 ,Maria João Brito1

1- Unidade de Infecciologia Pediátrica da Área de Pediatria Medica , Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa
2- Laboratório Biologia Molecular, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa
3- Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge

- 17º Congresso Nacional de Pediatria

Resumo:
Introdução: Em Setembro de 2014, nos EUA, verificou-se a emergência do enterovirus (EV) D68 com morbilidade e mortalidade significativas por complicações respiratórias e neurológicas. A população pediátrica foi a mais atingida. Em Portugal esta infecção não tinha sido ainda descrita
Objectivo Identificar e caracterizar infecções por EV68 num hospital pediátrico terciário
Métodos: Identificação do EV68 por PCR-RT multiplex nas secreções respiratórias, em crianças com doença respiratória grave e doença neurológica, entre Novembro de 2015 e Fevereiro de 2016. A analise filogenética foi feita pelo estudo das regiões genómicas VP1/VP3
Resultados: Foram identificados 18 doentes, sem predomínio, com mediana de idades 2 anos (máximo 6 anos, mínimo 22 dias). Registou-se prematuridade em 56% dos casos e sibilância recorrente em 33%. A doença cursou com tosse (83%), produtiva (61%) com uma duração média de 7 dias, dificuldade respiratória obstrutiva baixa (67%) e febre (56%). Três doentes apresentaram sintomas gastrointestinais. Os diagnósticos foram infecção respiratória alta (72%), infecção respiratória baixa (22%), GEA (6%) e outros (17%) (hiperglicemia, convulsão febril, paralisia facial periférica). O padrão radiológico foi intersticial (50%), broncopneumonia (16%) e sem alterações (15%). Em 8/18 (44%) havia co-infecções com Bordetell pertussis(1), Campylobacter(1) influenza A H1N1(1), Bocavirus (2), Adenovírus (1) e Rinovirus (1). Ocorreram complicações em 10/18 doentes: hipoxemia (44%), desidratação com IRA (6%) e convulsão febril (6%). A duração média do internamento foi 5 dias. 6 dias nos doentes co-infectados. Todos evoluíram favoravelmente.
Comentários. O EV68 circula também no nosso país mas sem a gravidade descrita nos EUA. O numero de casos identificados num curto período de tempo é superior a outros locais da Europa. Predominou a infecção respiratória alta sem critérios de gravidade e as coinfecções foram frequentes neste estudo. Este vírus pode ter características menos virulentas ou existir na nossa população alguma imunidade protectora mas outros factores devem ainda ter sidos em conta

Palavras Chave: EVD68