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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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ENCEFALOMIELITE POR ENTEROVÍRUS 71. ENTIDADE RARA NA EUROPA

Joana Branco1, João Farela Neves1,2, José Pedro Vieira3, Carla Conceição4, Maria João Brito1

1- Unidade de Infecciologia Pediátrica. Área de Pediatria Médica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa
2 - Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Área de Pediatria Médica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa
3 - Serviço de Neurologia Pediátrica, Área de Pediatria Médica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa
4 - Serviço de Neurorradiologia, Área de Pediatria Médica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa

2º Congresso da Área de Pediatria Médica do Hospital Dona Estefânia – “A Peça Que Faltava”; publicação sob a forma de poster

Resumo:
Introdução O Enterovírus 71 (EV-71) é a causa mais frequente de doença pés-mãos-boca na Ásia, sendo responsável por casos esporádicos desta doença na Europa. Na Ásia, tem sido ainda responsável por ciclos epidémicos de romboencefalite e encefalomielite que atingem especialmente crianças até aos 5 anos e se associam a disfunção multi-orgânica com prognóstico reservado. Na Europa têm sido descritos casos isolados de envolvimento neurológico por EV-71.
Caso Cínico Rapaz com 15 meses, previamente saudável, internado por dificuldade respiratória obstrutiva baixa com hipoxemia. Em D2 de internamento apresenta deterioração súbita do estado de consciência com evolução para coma com necessidade de entubação e ventilação mecânica. Constatou-se evolução rápida para paralisia flácida com os seguintes achados na RM CE “discreta hiperintensidade bulboprotuberancial e medular cervical, enquadrável no contexto de encefalite/mielite”. O EEG revelou “electrogénese de base moderada e difusamente lenta” e o EMG “sofrimento neurogéneo do miótomo cervical C5-C6 sem evidencia de polineuropatia ou envolvimento de miótomos distais”. O líquido cefalo-raquidiano (LCR) revelou pleocitose linfocítica (60/µL), proteínas 33 mg/dL e síntese intratecal de IgM. A PCR foi positiva para enterovírus nas fezes e secreções respiratórias, com identificação do subtipo 71 na cultura viral das fezes. Foram excluídas outras possíveis etiologias. Verificou-se progressiva melhoria clínica, após a administração de Imunoglobulina endovenosa (1g/kg/dia, durante 2 dias) e metilprednisolona (8mg/kg/dia, durante 4 dias), com regressão praticamente completa do quadro neuromotor, apresentando actualmente apenas ligeiro tremor intencional sequelar.
Conclusão A monitorização das estirpes circulantes de EV é muito importante para o reconhecimento de EV potencialmente causadores de doença neurológica grave. Apesar de controversa, a terapêutica imunomoduladora precoce parece contribuir para uma melhoria do prognóstico dos casos de rombencefalite por EV-71. 

Palavras Chave: Enterovírus 71 / Encefalomielite / Paralisia flácida / Europa / Pediatria