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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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EMULSÕES LIPÍDICAS DE TERCEIRA GERAÇÃO

Luís Pereira-da-Silva 1-3

1. Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central
2. Área da Medicina da Mulher, Infância e Adolescência, NOVA Medical School | Faculdade de Ciência Médicas, Universidade NOVA de Lisboa
3. Dietética e Nutrição, Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, Instituto Politécico de Lisboa

- XVII Congresso Anual da Associação Portuguesa de Nutrição Entérica e Parentérica (APNEP), Porto, 11/04/2016 (mesa redonda)

A nutrição parentérica (NP) deve incluír lípidos quando se destina a recém-nascidos que necessitam deste suporte por período prolongado, como os muito prétermo e/ou sujeitos a cirrugia corretiva de anomalia congénita do trato gastrointestinal. Existem situções que impedem ou limitam a administração de lípidos endovenosos, como a hiperbilirrubinémia não conjugada, a sépis (fase aguda), a trombocitopénia e a hipertensão pulmonar. Um dos inconvenientes das emulsões lipídicas endovenosas é a elevada propensão para a peroxidação e lesão celular inaparente, sendo necessário conter antioxidantes eficazes. A aprovação de utilização em recém-nascidos, na década de 70 do século passado, de emulsão lipídica à base de óleo de soja (eg, Intralipid®, Lipoven®, Lyposin III®) veio a dar um grande implemento à utilização de NP neonatal, tipo de emulsão que foi preferido durante décadas. As insuficiências dessas emulsões de 1ª geração relacionam-se com a sua composição, por incluirem apenas ácidos gordos n-6, elevada concentração de fitoesteróis (implicados na colestase associada à NP) e gama-tocoferol, cuja capacidade antioxidante é inferior à do alfa-tocoferol. Assim, estas emulsões foram usadas essencialmente como como fonte energética e não como de nutrientes funcionais. Posteriormente, sugiu uma 2ª geração de emulsões contendo lípidos com maior biodisponibilidade e maior capacidade antioxidante. É o caso das misturas de óleo de soja e óleo de coco (eg, Lipofundin®), tendo o óleo de coco na sua composição trigliceridos de cadeia média (TCM), menos dependentes da carnitina. Outro exemplo são as emulsões à base de azeite (eg, Clinoleic®), constituidas sobretudo por ácidos gordos monoinsaturados e contendo boa quantidade de alfa-tocoferol, conferindo maior capacidade antixoidante. No entanto, todas as emulsões à base de óleos vegetais contêm demasiada proporção de fitoesteróis. Mais recentemente, surgiram as emulsões de 3ª geração contendo também óleo de peixe, passando a providenciar não só ácidos gordos n-6, mas também n-3 (eg, SMOFlipid®). Algumas destas emulsões contêm ácidos gordos monoinsaturados e alfa-tocoferol. As grandes vantagens destas emulsões foi fornecer ácidos gordos n-3, ter maior capacidade antioxidante, reduzir aproporção de fitoesteróis e a incidência de colestase associada à NP.

Palavras-chave: lípidos endovenosos, nutrição parentérica, recém-nascido