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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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DOIS ANOS DE CASUÍSTICA DA INTERVENÇÃO NUTRICIONAL NO TRATAMENTO DE PATOLOGIAS NEUROLÓGICAS NUM HOSPITAL PEDIÁTRICO

Cíntia Silva1, Mónica Pitta Grós Dias2, Ana Teresa Teixeira3, Ana Catarina Moreira1, Sofia Duarte4, Eulália Calado4

1 - Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa
2 - Serviço de Dietética, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, Lisboa
3 - Serviço de Pediatria, Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca
4 - Serviço de Neurologia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, Lisboa

17º Congresso Nacional de Pediatria, 2-4/11/2016, Porto (poster)
Acta Pediátrica Portuguesa Vol.47, Suplemento, Novembro 2016 (resumo)

Introdução e Objectivos: Aproximadamente 30% das epilepsias na criança não são controladas com a associação de dois ou mais fármacos, com repercussões graves a nível do neurodesenvolvimento. A dieta cetogénica (DC) revela-se eficaz na redução das crises epilépticas em cerca de 50% dos doentes e a remissão completa é de 15 a 25%. No nosso hospital a DC já é usada há mais de 2 décadas, com um incremento nos últimos 2 anos, período sobre o qual incide este trabalho, que avalia a eficácia da DC e a evolução dos doentes submetidos. 
Metodologia: Coorte de crianças com doença neurológica seguidas na neuropediatria, submetidas a intervenção nutricional: dieta cetogénica clássica(4:1 ou 3:1), segundo protocolo da Unidade de Neuropediatria. Avaliou-se a evolução dos doentes submetidos a DC desde Setembro de 2014 a Agosto de 2016. Monitorizou-se números de crises iniciais/atuais, redução de medicação e adesão à dieta.
Resultados: 23 Doentes, 65% (15) rapazes, 35% (9) raparigas. Em 2014, existiam 3 doentes em DC, iniciando em 2015, 5 e em 2016, 15 doentes. A média de crises/dia antes de iniciar DC era 12,9±12,1 (3 a 60). Nos 8 (34,7%) doentes que mantêm actualmente DC>3 meses, houve uma redução média do nº de crises/dia para 10,1±6,5. Ficaram livre de crises 2 doentes. O nº de fármacos administrados (2 a 5) foi reduzido em 5 (21,7%) doentes. Três neurometabólicos, 2 com défice de piruvato-desidrogenase e 1 défice de GLUT1, reduziram significativamente as crises disquinéticas.
Conclusões: O recurso à DC, como terapêutica nas epilepsias refratárias e doenças neurometabólicas, deve-se à evidência científica que este tipo de tratamento adquiriu. O facto de passarmos a ser Centro de Referência para epilepsias refratárias e doenças metabólicas na criança,contribuir certamente para este incremento do uso da DC.

Palavras Chave: epilepsia refractria, dieta cetogénica, défice de piruvato desidrogenase, défice GLUT1