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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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FEOCROMOCITOMA E PARAGANGLIOMA EM IDADE PEDIÁTRICA: CASUÍSTICA DE 21 ANOS DA UNIDADE DE CUIDADOS INTENSIVOS PEDIÁTRICOS DO HOSPITAL DE DONA ESTEFÂNIA

Inês Simão1, Anaxore Casimiro1, Raquel Ferreira1, Marta Oliveira1, Sérgio Lamy1, José Ramos1, Paolo Casella2, Lurdes Ventura1.

1- Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E.;
2 - Serviço de Cirurgia Pediátrica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E.

- Sala de Conferências do HDE, 18 de Setembro de 2012 (Apresentação).

Introdução: Os Feocromocitomas e Paragangliomas são tumores raros, caracterizados pela produção autónoma de catecolaminas. Habitualmente são únicos e benignos, sendo a ressecção cirúrgica curativa; quando malignos metastizam por contiguidade ou à distância com elevada mortalidade.

Objectivos: Caracterização dos casos de feocromocitoma e paraganglioma em idade pediátrica internados na Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos do Hospital de Dona Estefânia (HDE) nos últimos 21 anos.

Métodos: Estudo retrospectivo descritivo; dados obtidos por consulta dos processos clínicos do HDE e IPO-FG de Lisboa, de doentes com o diagnóstico histológico de feocromocitoma ou paraganglioma. Foram analisadas variáveis referentes a: idade de apresentação, sintomatologia, terapêutica efectuada, intervenção cirúrgica e seguimento.

Resultados: 5 doentes, (4 feocromocitomas; 1 paraganglioma do Órgão de Zuckerkandl). Média de idade 11,5 anos [8-14A]. Os sintomas mais comuns à apresentação foram hipertensão arterial (100%), sudorese (100%), cefaleias (80%) e palpitações (60%). Hipertrofia do ventrículo esquerdo em 40% dos doentes. Nenhum doente fez estudo genético ou tinha história familiar positiva. Diagnóstico presuntivo com base em valores elevados de catecolaminas e metanefrinas fraccionadas na urina de 24h e em estudo imagiológico. Todos os doentes fizeram bloqueio α-adrenérgico pré-operatório; associado a β-bloqueante em 60%, IECA em 20% e bloqueador dos canais de cálcio em 20% dos casos. A ressecção cirúrgica total foi efectuada em todos doentes e associou-se a importante morbilidade peri-operatória (80%) (laceração da artéria aorta, hipertensão/hipotensão arterial e hemorragia). O pós-operatório na UCIP decorreu, na maior parte dos casos, sem complicações significativas. Após cirurgia, houve resolução da sintomatologia em 100% dos casos. Apesar da elevada taxa de malignidade histológica - 40%, o seguimento de 6 meses a 8 anos não revelou mortalidade.

Comentários: Os Feocromocitomas e Paragangliomas são uma patologia rara e neste estudo não se verificaram diferenças quanto à epidemiologia, forma de apresentação, terapêutica peri-operatória relativamente a outras séries descritas. A ressecção cirúrgica é a terapêutica de primeira linha; as complicações peri-operatórias são frequentes e potencialmente graves. O pós-operatório na UCIP decorreu sem intercorrências. O número reduzido de doentes e o curto período de seguimento não permite tirar conclusões quanto à evolução a longo prazo.

Palavras-chave: feocromocitoma, paraganglioma, casuística.