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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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ANAFILAXIA RECORRENTE - NÃO HÁ MAL QUE DURE PARA SEMPRE

Nicole Pinto1, Sara Prates1, Pedro Carreiro Martins1,2, Paula Leiria Pinto1,2

1- Serviço de Imunoalergologia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Rua Jacinta Marto, Lisboa, Portugal
2- CEDOC, Integrated Pathophysiological Mechanisms Research Group, Nova Medical School, Campo dos Mártires da Pátria, 1150-190 Lisboa, Portugal

Reunião Nacional
- 36ª Reunião Anual da Sociedade de Alergologia e Imunologia Clínica, de 7 a 9 de Outubro de 2016
Sob forma de comunicação oral

Resumo:
Introdução:Na criança, a alergia alimentar é a causa mais frequente de anafilaxia e os alimentos mais implicados são o leite e o ovo. A verdadeira prevalência de anafilaxia na infância é desconhecida devido ao seu subdiagnóstico e subnotificação.
Caso clínico: Criança do género masculino com eczema atópico, sob aleitamento materno exclusivo até aos 4 meses, altura em que é introduzida a primeira papa láctea com aparecimento de urticária a nível cervical e vómitos cerca de 1 hora após a ingestão. Aos 6 meses, urticária localizada à face e pescoço, associada a quadro de dispneia, cerca de 15 minutos após ingestão de papa não láctea preparada com fórmula semi-elementar à base de proteína de leite de vaca (PLV) extensamente hidrolisada (LEH). Aos sete meses, 5 minutos após nova ingestão de LEH, quadro de urticária generalizada, dispneia, estridor, prurido nasal e esternutos. Na consulta foram realizados testes cutâneos por picada positivos para extracto de leite de vaca (LV) e fracções, LEH utilizado, clara e gema de ovo. Avaliação analítica com imunoglobulinas E específicas (IgE) fortemente positivas para LV e fracções (>100 KUA/L), clara, gema e ovalbumina. Ficou em evicção de LV e ovo. Aos 14 meses, imediatamente após ingestão de queijo, inicia urticária com angioedema (AE), vómitos, estridor e disfonia, não lhe tendo sido administrado adrenalina. Novo contacto acidental com PLV aos 24 meses resultando em anafilaxia. Repete avaliação analítica aos 2,5 anos com descida das IgE específicas. Foi submetido a prova de provocação oral (PPO) aberta com gema, a qual foi negativa, e 1 mês depois com ovo inteiro, sem intercorrências. Aos 4 anos ingere acidentalmente, sem qualquer reacção, um bolo com PLV, mantendo desde então ingestão de alimentos com leite cozinhado. Aos 5 anos, apesar de manter IgE específicas positivas para LV e fracções ingere diariamente, com tolerância, PLV.
Discussão: A anafilaxia pode ocorrer em qualquer idade. Aos cuidadores deve ser entregue um plano de acção de emergência e fornecido o treino para reconhecimento de anafilaxia e administração de adrenalina. A aquisição de tolerância ocorre na maior parte dos lactentes/crianças com alergia ao LV e ovo.

Palavras Chave: APLV, anafilaxia, criança