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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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BEXIGA HIPERATIVA APÓS CORREÇÃO CIRÚRGICA DE INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO

Vanessa Gomes Olival1, Ricardo Pereira e Silva2, José Palma dos Reis2, João Colaço3, Isabel Grilo3, Filomena Nunes3

1 - Ginecologia, área de Ginecologia/Obstetrícia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa
2 - Urologia, Hospital Santa Maria, Centro Hospitalar de Lisboa Norte, EPE, Lisboa
3 - Ginecologia, área de Ginecologia/Obstetrícia, Hospital de Cascais Dr. José de Almeida

- X APNUG (poster)

Resumo:
Introdução: A presença de LUTS de armazenamento após colocação de fita sub-uretral por incontinência urinária de esforço (IUE) pode ocorrer na sequência de infeção urinária, obstrução infra-vesical ou extrusão/erosão da fita. Por vezes a investigação é negativa e a causa é considerada idiopática.
Objetivos: Avaliar a sintomatologia de armazenamento num grupo de doentes submetidas a colocação de fita sub-uretral e comparar os resultados com os de um grupo de controlo de utentes dos cuidados de saúde primários, sem diagnóstico estabelecido de bexiga hiperativa.
Material e métodos: Estudo transversal, caso-controlo, realizado em mulheres submetidas a colocação de fita sub-uretral Monarc® no Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Cascais. As doentes foram entrevistadas telefonicamente, tendo sido colocadas as 8 questões do sub-questionário de symptom bother do Overactive Bladder Questionnaire Short Form (OABq-SF), bem como uma questão sobre a relação temporal dos sintomas, quando presentes, com a cirurgia realizada. A secção de symptom bother foi também respondida por utentes da USF ArsMedica em Santo António dos Cavaleiros, que foram utilizadas como controlos. Foram excluídas mulheres com infeção urinária recente.
Resultados: Foram incluídas 266 doentes, incluindo 137 casos (mulheres operadas por IUE) e 129 controlos. As doentes operadas apresentavam uma idade média de 59±10 anos vs. 50±13 anos (controlos); o follow-up médio foi de 12.6 meses. Numa perspetiva global, o score total do OABq-SF - symptom bother não foi significativamente diferente entre casos e controlos (18±26 vs. 15±17). Ainda que a probabilidade de ter um score ≥20 fosse semelhante em mulheres operadas e nos respetivos controlos, as doentes operadas que reportaram agravamento após a  cirurgia apresentaram scores significativamente mais altos que os controlos (p<0.001). Vinte seis em 137 mulheres operadas (19%), responderam 3/6 ou mais quando interrogadas sobre se os sintomas surgiram ou sofreram agravamento após a cirurgia.
Comentários/conclusões: Apesar de, globalmente, não terem sido encontradas diferenças significativas nos scores do OABq-SF – symptom bother entre mulheres operadas por IUE e respetivos controlos, uma proporção significativa de mulheres (19%) referiu surgimento ou agravamento de LUTS de armazenamento após a cirurgia.  Este grupo de doentes apresentou scores significativamente mais altos que os respetivos controlos, sugerindo a cirurgia como fator causal do agravamento; adicionalmente ao tratamento sintomático, estas doentes devem manter um seguimento apertado para exclusão, com segurança, de causas identificáveis e reversíveis de LUTS pós correção cirúrgica de IUE, nomeadamente obstrução infra-vesical funcionalmente significativa.

Palavras Chave: Bexiga hiperactiva, Incontinência urinária