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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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VITAMINAS, MINERAIS E OLIGOELEMENTOS POR VIA ENTÉRICA NO RECÉM-NASCIDO. REVISÃO DO CONSENSO NACIONAL

Eunice Soares1, Luís Pereira-da-Silva2, Manuela Cardoso1, Maria José Castro3

Em representação da Secção de Neonatologia da Sociedade Portuguesa de Pediatria

1 - Maternidade Dr. Alfredo da Costa, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa;
2 - Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa;
3 - Hospital de Faro, EPE, Faro.

Artigo: Acta Pediatr Port 2015;46:159-69

De entre os recém-nascidos, os muito pré-termo (<33 semanas de idade de gestação) são os que estão em maior risco nutricional, uma vez que ficaram privados de parte ou a totalidade do terceiro trimestre de gestação, quando ocorre importante transferência transpacentar de nutrientes. Ao atingirem a idade de termo, estima-se que a maioria destas crianças tenha restrição de crescimento, em comparação com o crescimento de fetos com idêntica idade de gestação. Para isto, contribui a dificuldade em administrar nos primeiros dias ou semanas pós-natais, o suporte nutricional desejável por via parentérica e entérica, somado ao facto de uma proporção importante de prematuros já nascer com restrição de crescimento intrauterino. Os principais efeitos da desnutrição precoce reflectem-se a médio e longo prazo no crescimento e composição corporal, na nutrição cerebral e no neurodesenvolvimento. 
Existe controvérsia sobre o suporte nutricional precoce nos recém-nascidos muito pré-termo, pois a nutrição parentérica e entérica mais agressiva pode predispor à obesidade e à síndrome metabólica, mas uma nutrição modesta incorre no risco de má-nutrição cerebral com consequências nefastas a nível morfológico e funcional. Na dúvida, tem-se preferido salvaguardar a nutrição cerebral.
A avaliação da composição corporal utilizando métodos confiáveis proporciona indicadores da qualidade do crescimento e permite com mais segurança evitar o aumento excessivo de adiposidade, com implicações futuras. Sabe-se que crianças nascidas muito pré-termo, ao atingirem a idade de termo têm menor peso, comprimento e perímetro cefálico, mas maior adiposidade do que as nascidas de termo. Estes e outros achados também têm originado controvérsia relativamente à nutrição após alta hospitalar de crianças nascidas pré-termo, nomeadamente quando alimentadas com fórmula láctea. Baseados na medição da adiposidade, alguns autores sugeriram fórmulas com reforço proteico e energético enquanto outros propuseram fórmulas com reforço proteico mas não de energia, procurando evitar o acúmulo exagerado de adiposidade. Em crianças de termo, a restrição lipídica nos primeiros meses de vida, pelo receio de programar obesidade, levou ao efeito contrário, mediado pela resistência à leptina a longo prazo. Desconhece-se se o mesmo pode ocorrer em crianças nascido pré-termo, o que tem implicações no tipo de alimentação destas durante os primeiros meses de vida.

Palavras Chave: Indicadores; Recém-nascido; Risco nutricional