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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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SEPTICÉMIA E MENINGITE NUMA DOENTE COM SIDA

Igor Filipciuc, Ruslana Shvets, Cristina Marcelo, Margarida Pinto, Rosa Barros

1 – Centro Hospitalar Lisboa Central
2 – Laboratório de Patologia Clínica

- Reunião Institucional – poster

Resumo:
Introdução: As bactérias da espécie S. pneumoniae são cocos Gram positivo aos pares (diplococos). Apesar de ser relacionado com espécies comensais do grupo mitis poderem colonizar a nasofaringe, o S. pneumoniae é um importante agente patogénico para o Homem e é a principal causa de otite média aguda, sinusite, pneumonia adquirida na comunidade e meningite. É responsável por elevadas taxas de morbilidade e mortalidade em crianças, em idosos e em indivíduos portadores do vírus da imunodeficiência humana (VIH). O potencial invasivo de S. pneumoniae relaciona-se com expressão de factores virulência, como os polissacarídeos da cápsula, as proteínas e adesinas de superfície, autilisina, hialuronidade, neuromidase e pneumolisina.

Objectivo
: Apresentação de um caso clínico duma doente com SIDA, septicemia e meningite.

Material e Métodos
: Caso: Mulher, 28 anos, raça negra com antecedentes pessoais conhecidos de : Infecção VIH 1, diagnosticado em 2007 em contexto de gravidez, com acompanhamento em Consulta desde a data de diagnóstico mas com períodos longos de interrupção; com critérios de SIDA desde Janeiro de 2010 por Tuberculose pulmonar multisensível (tendo cumprido terapêutica antibacilar); Pneumonia pneumocócica em Janeiro de 2010 e em Junho de 2012, Herpes Zoster em Janeiro de 2010, Drepanocitose conhecida desde 2007. Foi trazida ao SU Hospital de São José pelo INEM no dia 16.03.2015 por alterações de comportamento, com mutismo aparente. Exame físico: Febre 38ºC, TA de 122/64 mmHg , FC de 105 bpm, Eupneica em repouso, SpO2 de 100% em ar ambiente. AP: MV globalmente mantido, aparentemente simétrico. Não se auscultam ruídos adventícios óbvios. RX Tórax: condensação lombar esquerda.
Laboratório do CHLC – HSJ:
Hemograma: Leuc. – 6.6x109/L; Neut. – 83.3% (5.5x109/L); Hb – 10,1g/dL; Plaq. – 178x109/L Bioquímica: Glucose 193mg/dL; PCR – 151 mg/L
Exame Citoquímico do líquor Cefalorraquidiano: com predomínio de linfócitos – 224, glucose
- <5mg/dL, proteínas 937.5 mg/dL
Laboratório de Microbiologia do CHLC – HDE:
Líquor Cefalorraquidiano: entregue ao HDE no dia 17.03.2015 às 03.39h, sementeira às  03:44h; Gram validado às 09:29h; Identificação do microorganismo às 09.29h no mesmo dia; cultura validada às 10:04h com TSA manual no dia seguinte.
Exame directo: Observam-se muitos diplococos Gram positivo. Alguns Leucocitos polimorfonucleares.
Exame cultural: S. pneumoniae (Matrix Assisted Laser desorption Ionization Time – of – Flight MALDI-TOF).
Teste de Sensibilidade aos Antimicrobianos (TSA): Penicilina – G (ETeste) – 0,016µg/mL; Ceftriaxona (ETeste) – 0,006µg/mL.

Conclusão: Foi um episódio de septicemia e meningite bacteriana por S. pneumoniae em uma doente com SIDA e Drepanocitose. A identificação de infecções oportunistas constitui uma indicação importante para um exame de LCR. A observação do esfregaço do Líquor corado pelo método Gram orientou no diagnóstico e tratamento precoce da doente. A metodologia que usamos permitiu identificação rápida do microorganismo em menos de 7 horas.

Palavras Chave: Septicémia, Líquor