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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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HEMATOMA VAGINAL COM EXTENSÃO RETROPERITONEAL – CASO CLÍNICO

Ana Cristina Nércio1, Ana Bello2, Filipa Alpendre3, Carla Leitão4, Tiago Bilhim5, Filomena Sousa6

1,2,3,4,6 - Serviço de Ginecologia-Obstetrícia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa
5- Departamento de Imagiologia, Hospital de São José, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa

- Reunião científica da Sociedade Portuguesa de Medicina Materno Fetal, póster.

Resumo:
Devido à intensa vascularização da vulva, vagina e útero gravídico, a laceração de um vaso sanguíneo pode conduzir à formação de um hematoma pós parto. Esta é uma complicação rara, mas potencialmente grave, sobretudo nos hematomas vaginais que dissecam e se estendem para a área retroperitoneal. O tratamento desta entidade depende da sua localização e extensão, inclui abordagem conservadora reservada aos hematomas de pequenas dimensões e autolimitados, e abordagem cirúrgica ou intervenção angiográfica nos hematomas com mais de 5 cm e com extensão para o retroperitoneu.
Primigesta com 30 anos de idade, grávida de 39 semanas é internada para indução do trabalho de parto por estado fetal não tranquilizador. Tem um parto por ventosa devido a distócia de progressão sob analgesia epidural com episiotomia, complicado por distócia de ombros resolvida com pressão supra-púbica e manobra de Mc Roberts. Recém-nascido do sexo masculino com 3340 gramas.
No puerpério imediato inicia quadro de algias pélvicas e ao exame objectivo constata-se volumoso hematoma ocupando o terço superior da vagina com episiorrafia íntegra. Devido à impossibilidade de hemostase por via vaginal, procede-se a laparotomia exploradora constatando-se sufusão hemorrágica de grandes dimensões coberta pelo peritoneu, mais exuberante à direita. É realizada compressão manual na região das artérias uterinas por via abdominal, tamponamento vaginal sem encerramento da mucosa e suporte transfusional. No entanto, mantém instabilidade hemodinâmica pelo que é transferida para Unidade de Cuidados Intensivos com acesso a radiologia de intervenção. É submetida a embolização selectiva dos ramos distais de ambas as artérias hipogástricas com evolução clínica favorável e alta ao 7º dia de puerpério.
Os hematomas vaginais pós-parto, com extensão retroperitoneal são uma complicação rara do parto. A sua abordagem terapêutica está muitas vezes dificultada pela distorção anatómica causada pela extensão do hematoma sendo a radiologia de intervenção com embolização arterial uma alternativa nestas situações.

Palavras Chave: Hematoma pós-parto, embolização arterial