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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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FRATURAS EVOLUTIVAS EM IDADE PEDIÁTRICA - UMA SÉRIE DE 3 CASOS CLÍNICOS E REVISÃO DA LITERATURA

Dalila Forte1, Amets Irañeta1,2, Carla Conceição3, Mário Matos2, Miguel Correia1,2

1 Serviço de Neurocirurgia, Centro Hospitalar de Lisboa Central
2 Unidade de Neurocirurgia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central
3 Unidade de Neurorradiologia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central

Apresentado sob a forma de Comunicação oral no 31º Congresso da Sociedade Portuguesa de Neurocirurgia, realizado de 28 a 30 de Maio de 2015, no Porto.

Resumo:
Introdução: As Fraturas evolutivas (FE) são complicações raras do traumatismo crânio-encefálico (TCE). Consistem num defeito ósseo de crescimento progressivo na sequência de uma fratura de crânio com laceração dural.  Ocorrem em menos de 1% de todas as fraturas e são mais frequentes em idade pediátrica. Estas lesões podem associar-se à formação de quistos leptomeníngeos com expansão para o compartimento intracraniano, condicionando atrofia secundária do tecido cerebral adjacente, com consequente défice neurológico e compromisso do normal desenvolvimento da criança.
Material e métodos: Apresentamos uma série de 3 doentes com FE admitidos na Unidade de Neurocirurgia Pediátrica do Hospital Dona Estefânia (Centro Hospitalar de Lisboa Central) entre Janeiro de 2012 e Dezembro de 2014, considerando as suas manifestações clínicas, imagiológicas, classificação, tratamento e respetivo resultado.
Resultados: Esta série de casos inclui uma criança do sexo masculino e duas do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 4 e os 7 anos e história de TCE grave com sequelas neurológicas, encaminhadas pela presença de massa subcutânea pulsátil de crescimento progressivo na região cefálica. O estudo imagiológico consistiu em radiografia de crânio, com identificação da localização e extensão da separação dos bordos da fratura e TC e RM, permitindo uma melhor definição do defeito ósseo e da lesão intracraniana associada. De acordo com a classificação imagiológica proposta por Rahman, 1 doente apresentava fratura tipo III (quisto porencefálico com comunicação com o sistema ventricular) e 2 doentes fraturas tipo II (área de encefalomalácia). O tratamento cirúrgico consistiu em craniotomia, duroplastia e cranioplastia com osso autólogo. Obteve-se encerramento progressivo do defeito ósseo, sem complicações pós-operatórias. Todos os doentes iniciaram programa de reabilitação com resultados positivos.
Conclusões: O diagnóstico e tratamento precoce das FE é essencial para a prevenção da deterioração neurológica e para a obtenção de bons resultados cosméticos, contribuindo assim para a promoção do desenvolvimento adequado da criança.

Palavras-chave: Fratura evolutiva; Quisto leptomeníngeo traumático; Traumatismo crânio-encefálico;