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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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DOENÇA INVASIVA POR KINGELLA KINGAE EM IDADE PEDIÁTRICA: CASUÍSTICA DE UM HOSPITAL TERCIÁRIO

Margarida Alcafache1, Susana Ramos2, Delfin Tavares2, Catarina Gouveia1

1- Unidade de Infeciologia, Área de Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central EPE
2- Serviço de Ortopedia Pediátrica, Área de Pediatria Cirúrgica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central EPE

- Comunicação oral – XIV Jornadas de Infecciologia Pediátrica, Guimarães 18-19 junho 2015

Resumo:
Introdução: A bactéria Kingella kingae tem vindo a ser reconhecida como causa importante de doença invasiva em idade pediátrica, sobretudo abaixo dos 3 anos. A otimização dos meios de diagnóstico permitem atualmente a sua identificação.
Métodos e objetivos: Estudo retrospetivo descritivo de crianças com isolamento de K. kingae de locais habitualmente estéreis, entre janeiro de 2011 e novembro de 2014 num hospital terciário. Pretende-se avaliar a prevalência e caracterizar os aspetos clínicos.
Resultados: Identificaram-se 8 casos, com predomínio de sexo masculino (62,5%) e idade mediana de 17,5 meses (8 meses - 3 anos). Todos eram previamente saudáveis. 37,5% referiam doença aguda na semana anterior. Todos apresentavam febre baixa, sem sensação de doença grave. A duração mediana dos sintomas antes do diagnóstico foi de 7 dias. Os marcadores laboratoriais de infeção estavam ligeira/moderadamente elevados (mediana: PCR 69 mg/L, VS 32 mm/h, leucocitose 11.5x109/L). Os diagnósticos foram: bacteriémia sem foco (n=2, 25%), artrite séptica (n=3, 37,5%) e osteomielite (n=3, 37,5%). Os doentes com bacteriémia foram tratados com amoxicilina. Nas infeções osteoarticulares a identificação do agente foi feita por cultura de líquido articular ou biópsia óssea. Foram submetidos a limpeza cirúrgica e tratados com amoxicilina-clavulanato ou cefuroxima durante 3-6 semanas. A resposta ao tratamento foi favorável em todas as crianças.
Discussão: Os casos descritos espelham o padrão clínico e epidemiológico conhecido deste agente. É provável que o número de infeções esteja subestimado, pois o recurso a técnicas moleculares foi reduzido. No futuro, a implementação sistemática de técnicas moleculares poderá contribuir para um maior reconhecimento de K. kingae como um importante agente infecioso em crianças pequenas, à semelhança dos resultados obtidos noutros países.

Palavras Chave: bacteriémia, infeções osteoarticulares, Kingella kingae.