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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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DIFICULDADES ALIMENTARES

Reis, J.M.1; Nascimento, M.J.2

1 Interno de Pedopsiquiatria;
2 Enfermeira especialista em saúde mental

Unidade da Primeira Infância - Área de Pedopsiquiatria, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, EPE, Lisboa.

Comunicação Oral apresentada nas I Jornadas de Pedopsiquiatria do CHLC

Introdução
As perturbações do comportamento alimentar (PCA) na primeira infância apresentam um forte impacto familiar e repercutem-se na relação estabelecida entre os pais e a criança, a qual pode também estar na génese do problema. Para além dos fatores relacionais, vários fatores fisiológicos, comportamentais e ambientais podem contribuir para o aparecimento e manutenção das PCA. 
Sabe-se que entre 3 a 10% dos quadros graves e persistentes têm maior incidência em crianças com quadros orgânicos concomitantes.
Neste sentido, uma intervenção multidisciplinar adequada torna-se frequentemente uma estratégia terapêutica indispensável para a resolução atempada destas situações.       

Caso clínico:
Relata-se o caso de uma criança de 6 meses referenciada à consulta de Pedopsiquiatria da Unidade da Primeira Infância (UPI) por “recusa alimentar”. Três semanas após o nascimento iniciou alteração do padrão alimentar com mamadas progressivamente mais curtas. Nas semanas subsequentes houve agravamento progressivo do quadro com recusa alimentar activa, vómitos e má progressão ponderal. Aos 5 meses de idade, por perda ponderal em provável contexto de doença de refluxo gastro-esofágica, foi internada para investigação diagnóstica. No decurso do internamento foi excluída esofagite e realizada biopsia duodenal que revelou achados anátomo-patológicos compatíveis com doença celíaca. Neste sentido, efectuou-se estudo imunológico. Por manter recusa alimentar sem aparente justificação orgânica foi referenciada à consulta de pedopsiquiatria.
Após observação da criança e da situação alimentar, entrevistas familiares e registos alimentares foi estabelecido um plano terapêutico. Ao longo das consultas, o estabelecimento de um novo modelo relacional, o aumento da sensibilidade na leitura dos sinais da criança e a captação do olhar em situação face-a-face, permitiram uma evolução favorável do quadro clinico.

Conclusões:
Assim, o presente trabalho visa, através da análise retrospectiva do caso supra-citado, abordar os métodos de avaliação diagnóstica e as estratégias de intervenção utilizadas na UPI.

Palavras Chave: Dificuldades alimentares; Primeira Infância; PCA