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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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Contraceção na adolescente com HIV - Casuística de 7 Anos

Ana Bello1, Filomena Sousa1, Ricardo Mira1

1- Ginecologia, área de Ginecologia/Obstetrícia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa

Divulgação: 5.ª Reunião da Sociedade Portuguesa da Contracepção  

Resumo:
Introdução:  Estima-se que cerca de 11.8 milhões de jovens em todo o mundo estejam infetados com o HIV, com cerca de 6000 novos casos de infeção por dia. Os adolescentes portugueses têm um bom conhecimento desta doença, no entanto, a maioria desvaloriza o risco de infeção, continuando a adotar comportamentos de risco. Os métodos contracetivos devem ser discutidos individualmente, reforçando a importância da dupla proteção.
Material e Métodos: Estudo retrospetivo, com consulta dos processos clínicos das 28 adolescentes com HIV vigiadas na consulta de ginecologia de adolescentes no HDE entre 2008 e 2015,
Resultados: Foram observadas na nossa consulta 28 adolescentes com idades compreendidas entre os 11 e os 19 anos. A via de transmissão foi vertical em 86% e sexual em 11% casos. 75% faltaram a pelo menos uma consulta e destas, 24% faltaram a mais de 5 consultas.  A carga viral era negativa em 79% e positiva nas restantes, registando-se nestas adolescentes má adesão à terapêutica antirretroviral. A maioria era sexualmente ativa com uma média de 2.4 parceiros sexuais. 55%  usavam contraceção oral combinada, 35% implante subcutâneo e 10% apenas preservativo.  Registaram-se 11 gravidezes em 8 adolescentes, 10 não programadas. 54% terminaram em IVG, 18% em AE e 28% em parto de termo.
Conclusão: Apesar de ter sido sempre reforçada a importância do preservativo, não só para evitar a transmissão de DST mas também pela possibilidade de falha da contraceção hormonal por interação medicamentosa com os antirretrovirais, registaram-se algumas gravidezes não planeadas. Estas falhas contracetivas confirmaram a fraca adesão ao uso do preservativo e simultaneamente à contraceção hormonal oral, uma vez que não ocorreu nenhum caso de gravidez durante o uso de implante contracetivo.  Foi sempre abordada a vantagem de informar o parceiro acerca da infeção o que se revelou controverso, pela possibilidade de má aceitação do parceiro e da relação ser se curta duração. A atitude das adolescentes com HIV parece ser semelhante à de adolescentes com outras doenças crónicas, revelando negação em relação à doença, fraca adesão à terapêutica e maior probabilidade de comportamentos de risco.