Afliações:
1 – Centro Hospitalar Lisboa Central 2 – Laboratório de Patologia Clínica
Divulgação:
- Reunião Institucional – comunicação oral
Resumo:
Introdução: As imunoglobulinas (Ig) são moléculas que reconhecem antigénios estranhos ao organismo e iniciam os mecanismos que os removem ou destroem. Todas as moléculas de Ig são constituídas por duas cadeias pesadas iguais, de tipo y (Ig G), α (IgA), µ (IgM), δ lambda (IgD) ou ε (IgE) e duas cadeias leves iguais, de tipo k ou λ. Estas moléculas são produzidas pelos plasmócitos ou células linfoplasmocitárias. Nas perturbações monoclonais, há uma proliferação de um único clone destas células e normalmente um aumento da produção da Ig secretada (ou parte desta). Cada clone produz um único tipo de imunoglobulina, com uma cadeia pesada e leve específica. A identificação do componente monoclonal permite diferenciar as gamapatias policlonais das monoclonais. A gamapatia monoclonal de significado indeterminado (MGUS), o mieloma múltiplo, a macroglobulinemia de Waldenstrom e neoplasias de células B maduras são alguns exemplos de patologias associadas à presença de Igs monoclonais. O estudo das gamapatias monoclonais deve incluir electroforese das proteínas séricas, doseamento das imunoglobulinas e cadeias leves e finalmente a imunofixação.
Objectivo: Avaliação dos resultados obtidos por IF no CHLC, durante 2014. Analisa-se os diferentes tipos de gamapatias monoclonais caracterizando a classe das suas cadeias e tendo em conta as diferentes demográficas da população.
Material e Métodos: A imunofixação (IF) é uma técnica que combina os métodos da electroforese e da imunoprecipitação. Num primeiro passo, separam-se as proteínas séricas por electroforese, em gel de agarose. De seguida, são adicionados anti-soros monoespecíficos contra as cadeias pesadas e contra as cadeias leves, que reagem com as proteínas, formando imunocomplexos. Após coloração, a presença de um componente monoclonal surge no gel sob a forma de uma banda estreita corada, relacionada com a cadeia pesada e cadeia leve correspondente.
Foi efectuado o levantamento dos dados de todas as IF realizadas durante o ano de 2014, no Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE.
Resultados: Os 1480 resultados pesquisados correspondiam a 1302 doentes. No grupo dos doentes com alterações na IF,mas com vários pedidos, apenas integramos no estudo o primeiro teste que revelou gamapatia monoclonal. Os resultados dos doentes foram os seguintes: 785 (60%) não revelaram componente monoclonal; 405 (31%) revelaram gamapatia monoclonal; 33 (3%) revelaram gamapatia biclonal; 12 (1%) revelaram componente monoclonal de cadeias leves livres; 67 (5%) revelaram resultados inconclusivos ou padrões oligoclonais, que foram classificados como “Outros”.
Quanto à caracterização do componente monoclonal, observamos a seguinte distribuição: 159 (36%) pertenciam à classe IgG kappa; 110 (24%) classe IgG lambda; 40 (9%) classe IgA kappa; 26 (6%) classe IgA lambda; 45 (10%) classe IgM kappa; 23 (5%) classe IgM lambda; 2 (0.01%) classe IgD lambda; 12 (3%) apenas com cadeias leves livres; 33 (7%) com gamapatia biclonal.
Quanto ao sexo dos doentes da população estudada, 700 (54%) eram homens e 602 (46%) mulheres. Dentro do grupo dos doentes (450) com gamapatia monoclonal, biclonal e cadeias leves livres, 268 (59%) eram homens e 182 (41%) mulheres. No que diz respeito à idade, o maior número de doentes estudados encontra-se na faixa dos 70 a 79 anos. A percentagem de resultados negativos foi mais baixa nos doentes com mais de 80 anos. Os resultados positivos são sensivelmente iguais nas três faixas etárias mais altas.
Considerando a proveniência da requisição, verificou-se que o maior número de doentes vem da Consulta Externa (CE), com 842 doentes (65%), em comparação com os do Internamento, com 460 doentes (35%). Os serviços da CE que mais requisitaram o estudo da IF foram: Hematologia (38%), Nefrologia (28%), Medicina Interna (12%), Neurologia (5%) e Outros serviços (17%). Os serviços de internamento mais requisitantes foram: Medicina Interna (46%), Neurologia (18%), Nefrologia (17%), Hematologia (6%) e Outros serviços (13%).
Conclusões: Verificou-se uma concordância entre os dados obtidos na nossa estatística e os da literatura publicada. Quanto à idade e ao sexo onde a doença se manifesta, também observámos que temos uma população com características semelhantes. O serviço que requisitou o maior número de imunofixações foi o de Hematologia Clínica, seguido dos serviços de Medicina Interna e Nefrologia.
Palavras Chave: Imunofixação, gamapatias