1 Interno de Pedopsiquiatria; 2 Chefe de Serviço Hospitalar de Pedopsiquiatria
Unidade da Primeira Infância - Área de Pedopsiquiatria, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, EPE, Lisboa.
Póster apresentado no XXVI Encontro Nacional da APPIA
Resumo
Partindo dos estudos de Bakwin e Goldfard, Spitz e Wolf, em 1946, evidenciaram a existência de uma “síndrome psiquiátrica de natureza depressiva, relacionada com a perda do objeto de amor” a qual denominaram de “depressão anaclítica”.
Sabe-se atualmente que, apesar da perturbação do humor ser um motivo de consulta pouco frequente na primeira infância, a depressão no bebé existe e a sua prevalência é superior ao número de casos identificados. Nesta faixa etária, a sintomatologia depressiva surge frequentemente associada a disfunções do meio familiar, indisponibilidade psicológica parental, descompensações depressivas maternas ou rutura dos cuidados.
A atribuição do diagnóstico tem por base a presença de atonia afetiva, tristeza ou irritabilidade, falta de vitalidade, pobreza interativa e, em casos mais graves, atraso global do desenvolvimento.
Na avaliação é fundamental verificar-se a duração do quadro, a velocidade de instalação, a sintomatologia existente, a presença de comorbilidades, o funcionamento socioemocional e o suporte psicossocial existente.
Um estudo realizado em 1996 por Margarida Fornelos, Eduarda Rodrigues e Maria José Gonçalves analisou uma multiplicidade de parâmetros nas crianças com perturbação depressiva em seguimento na UPI e constatou a existência de dois grupos com características diferentes. No primeiro a sintomatologia depressiva tinha uma instalação súbita, e era possível identificar um acontecimento de modificação do meio. Os sintomas de retirada e isolamento eram evidentes, e após intervenção psicoterapêutica havia uma remissão rápida dos sintomas. No segundo grupo, a sintomatologia tinha um início insidioso, surgia associada a uma carência crónica de cuidados e apesar da intervenção psicoterapêutica a remissão dos sintomas era morosa e nem sempre se verificava.
Pretende-se com o presente trabalho, apresentar dois casos clínicos que espelham os dois tipos de perturbação depressiva supracitados, abordando-se a intervenção terapêutica realizada e a evolução de ambos.
Palavras Chave: Depressão; Primeira Infância