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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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AVALIAÇÃO DA ASMA RELACIONADA COM O LOCAL DE TRABALHO: 2 CASOS CLÍNICOS

David Pina Trincão1, Miguel Paiva1, Iolanda Caires2, Nuno Neuparth1,2, Paula Leiria Pinto1

1 - Serviço de Imunoalergologia, Área Departamental de Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE , Lisboa
2 - CEDOC, Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa

XXXVI Reunião Anual da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica
Discussão de poster.

Introdução: A asma relacionada com o local de trabalho (ARLT) engloba a asma ocupacional e a asma agravada pelo local de trabalho (AALT). O seu diagnóstico constitui um desafio, sendo necessário demonstrar que a clínica de asma se associa a uma variabilidade significativa da função respiratória durante o período laboral comparativamente a período fora do local de trabalho. A monitorização seriada por débito expiratório máximo instantâneo (DEMI) constitui o método validado recomendado pelas principais linhas de orientação.
Caso 1 – TF, 43 anos, sexo feminino, empregada numa empresa de panificação, seguida desde os 34 anos em consulta por asma e rinoconjuntivite alérgica, com início na infância e agravamento em contexto laboral. Testes cutâneos por picada (TCP) positivos para ácaros e farinha de centeio. Foi efetuada monitorização por DEMI (PiKo 1) tendo-se observado um agravamento do DEMI, com valores inferiores a 50%, e sintomatologia de asma concomitante durante o período em que retomou atividade laboral, sugerindo AALT.
Caso 2 – RR, sexo masculino, 32 anos, trabalhador em serração, com antecedentes de rinite alérgica intermitente, referenciado por episódios de dificuldade respiratória durante períodos em que trabalha com madeira de sucupira. Os TCP foram positivos para pó de madeira de sucupira (negativos em 10 controlos atópicos), bem como para ácaros e pólenes. Realizou monitorização por DEMI em dois períodos distintos, mas os dados recolhidos não preencheram os critérios de controlo de qualidade, inviabilizando a sua interpretação.
Conclusão: Estes 2 casos traduzem as dificuldades encontradas na avaliação da ARLT. Os TCP podem ser úteis na identificação do agente etiológico de uma doença alérgica ocupacional, permitindo inferir, mas não concluir, sobre a sua repercussão na ARLT. A monitorização seriada do DEMI tem particular interesse na avaliação da AALT, como demonstrado no caso 1. O caso 2 põe a descoberto as fragilidades deste método, decorrentes da sua dependência de adequada colaboração e adesão do doente.

Palavras Chave: asma ocupacional, rinoconjuntivite, alergia respiratória