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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
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APLICAÇÃO DE MEMBRANAS AMNIÓTICAS NA RECONSTRUÇÃO DA SUPERFÍCIE OCULAR EXTERNA EM IDADE PEDIÁTRICA

Sara Crisóstomo, Rita Proença, Joana Cardigos, Ana Luísa Basílio, Vítor Maduro, Alcina Toscano

Oftalmologia Pediátrica, Serviço de Oftalmologia, Centro Hospitalar de Lisboa Central

Apresentação oral no 58º Congresso Português de Oftalmologia. Vilamoura, Dezembro 2015
Em revisão para aprovação na revista Oftalmologia.

Introdução: Vários estudos comprovam os benefícios da aplicação de membranas amnióticas na reconstrução da superfície ocular em idade adulta, pelos seus efeitos anti-inflamatórios, anti-adesivos e anti-apoptóticos. Em idade pediátrica, a reconstrução da superfície ocular carece de especial atenção e este procedimento encontra-se ainda pouco estudado. Não foi encontrado nenhum estudo especificamente dirigido à aplicação de membranas amnióticas na reconstrução da superfície ocular externa desta faixa etária, pelo que procurámos elucidá-lo.
Materiais e métodos: Estudo retrospetivo englobando todos os doentes em idade pediátrica (×= 7,1 anos +/- DP 4,17) submetidos a transplante de membrana amniótica no CHLC entre 2008 e 2015, para reconstrução da superfície ocular externa. Entre os doentes (n=6 olhos de 6 crianças), quatro apresentavam patologia do foro neoformativo ou inflamatório e dois apresentavam queimaduras extensas da superfície ocular. Foi realizada divisão em dois grupos, com base na presença ou não de insuficiência de células limbares. Foram avaliadas caraterísticas clínicas e demográficas, MAVC antes e após a cirurgia, tempo de reepitelização, amplitude de movimentos oculares antes e após a cirurgia, presença de recidiva ou complicações e resultado estético. O tempo de follow up foi de 4 a 39 meses.
Resultados: Verificaram-se sucessos completos em todos os doentes sem insuficiência limbar (50% do total de doentes), sucessos parciais em dois dos doentes com insuficiência limbar (33,3% do total de doentes) e um caso de falha terapêutica (16.7%). Nos doentes em que se observou recidiva, o tempo médio para esta ocorrência foi de 8,3 +/- 6,8 meses. Não se verificaram complicações em nenhum dos casos. Observou-se melhoria pós-operatória num dos dois casos que tinham diminuição da acuidade visual pré-operatória (aumento da MAVC em 6 linhas). Verificou-se ainda uma melhoria da motilidade ocular e aspeto estético em todos os doentes com alterações prévias destes parâmetros.
Conclusão: O transplante de membrana amniótica mostrou ser muito benéfico também em idade pediátrica. Pode ser realizado como tratamento isolado ou coadjuvante, sendo os resultados superiores nos casos de células limbares funcionantes. Não foi detetada maior incidência de complicações ou rejeições comparativamente ao descrito na literatura para a idade adulta.