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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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AIJ E UVEÍTE - DESAFIO TERAPÊUTICO

Rita Proença, Ana Basílio, Sara Crisóstomo, Marta Conde, Alcina Toscano

Oftalmologia Pediátrica, Serviço de Oftalmologia, Centro Hospitalar de Lisboa Central

- Póster nas XXV Jornadas Internacionais de Oftalmologia de Coimbra 2015
- Póster no IX Congresso Internacional de Cirurgia de Estrabismo. Coimbra, 19 e 20 de Junho de 2015

Introdução: A uveíte associada à artrite idiopática juvenil (AIJ) é a causa mais frequente de inflamação ocular crónica na criança, ocorrendo em 20 a 25% dos doentes com artrite aligoarticular. É caracteristicamente assintomática e, por esse motivo, passível de originar uma morbilidade insidiosa mas progressiva com consequente perda permanente  de visão. Os autores fazem uma descrição retrospetiva do quadro clínico e da evolução de um caso de uveíte associada a artrite idiopática juvenil, assim como discussão  clínica do resultado obtido através de uma terapêutica menos convencional.
Material e métodos: Criança de 3 anos, do sexo feminino, referenciada à consulta de Oftalmologia Pediátrica com história de olho esquerdo vermelho desde há 3 meses, associado a quadro de diminuição da acuidade visual e fotofobia. Foi realizado exame oftalmológico completo com ecografia ocular.
Resultados: À observação apresentava melhor acuidade visual corrigida (MAVC) de 20/30 OD (olho direito) e <20/200 OE (olho esquerdo). A biomicroscopia, fundoscopia e ecografia realizadas revelarem quadro de uveíte anterior OE, com catarata, membrana ciclítica e seclusão pupilar, sendo iniciado tratamento com cortocosteroide tópico. Associadamente referia história de sinais inflamatórios no 4º dedo do pé e joelho direitos, tendo sido solicitada consulta de Reumatologia Pediátrica, que levou ao diagnóstico de AIJ. Iniciou tratamento com metotrexato, com melhoria do quadro Clínico, sendo mais tarde submetida a facofagia associada a vitrectomia anterior via pars plana. No pós operatório usou correção ótica e fez tratamento da ambliopie OE com oclusão, sem melhoria da acuidade visual. Apesar da terapêutica médica instituída a doente teve vários episódios de uveíte intercalados por períodos sem inflamação ativa. Na tentetiva de controlo da doença fez um curso de tratamento com ciclosporina A e corticoterapia oral, mantendo o metotrexato. Aos 6,5 anos de idade foi internada por quadro de mononucleose infeciosa com síndroma hemofagocítico secundário, pelo que foi suspenso o metotrexato e iniciada terapêutica com Rituximab. Desde o tratamento com Rituximab, aos 7 anos de idade, encontra-se assintomática com um seguimento de 2,5 anos, sendo a MAVC de 20/20 OD e conta dedos a 50 cm OE.
Conclusão: A elevada taxa de complicações na uveíte associada a AIJ justifica uma vigilância e terapêutica agressivas. Neste caso, apesar da terapêutica tópica com corticosteroide e sistémica com metotrexato e ciclosporina, a doente mantinha episódios frequentes de uveíye. Após uma administração de Rituximab para uma síndroma hemofagocítico a vírus do Epstein-Barr verificou-se controlo prolongado da uveíte, sem necessidade de outra imunosupressão sistémica. O Rituximab tem-se mostrado eficaz no tratamento de algumas doenças inflamatórias oculares, sendo considerado como terapêutica de resgate nos casos resistentes aos fármacos clássicos do tratamento da AIJ assim como aos anti-TNF (infliximab, adalimumab).