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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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4 ANOS DE QUEIMADURAS - UM ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO NO HOSPITAL DONA ESTEFÂNIA

Joana Roque1,Maria Luís Sacras1, Maria Knoblich1, Regina Duarte1, João Pascoal1

1Serviço de cirurgia Pediátrica - Hospital de Dona Estefânia (HDE) – Centro Hospitalar Lisboa Central EPE

Apresentado sob a forma de comunicação oral no Congresso “Urgência e Emergência Pediátricas” realizado em Novembro 2015 em Coimbra.

Introdução: As queimaduras são causas frequentes de ida ao Serviço de Urgência em idade pediátrica. Correspondem à 4ª causa de lesão mais frequente, a seguir aos acidentes de viação, quedas e violência interpessoal; são também a 5ª causa mais comum de lesões não fatais da infância. Podem condicionar um impacto a longo prazo na vida da criança devido à disfuncionalidade das áreas afectadas e às alterações estéticas resultantes.
Objectivos e Métodos: Pesquisa retrospectiva na base de dados informática (SAM e HCIS) de todos os doentes internados no HDE por queimadura, de 2011 a 2014.
Resultados: Um total de 450 doentes foi incluído no estudo. Cerca de 78% dos doentes foram referenciados por outras instituições de saúde. A maioria dos doentes internados eram do sexo masculino (60%). A média de idades foi de 3,4 anos de idade. As queimaduras térmicas foram as mais frequentemente observadas e, dentro destas, as queimaduras por líquidos quentes – água, sopa, chá, café e leite – corresponderam ao mecanismo de lesão predominante (74%), seguidas pelas queimaduras por fogo (11%) e por contacto (10%). A maioria das queimaduras atingiram uma superfície de área corporal (SC) estimada em 0 a 10%, sendo grande parte de 2º grau. Queimaduras muito graves, atingindo mais de 40% da SC observaram-se em apenas 0,7% dos doentes. Contudo, 5 % dos doentes necessitaram de internamento temporário na Unidade de Cuidados Intensivos Pediatricos. A taxa de infecção local foi de cerca de 7%, sendo o S. aureus meticilino sensível e a Pseudomonas aerugionosa os microorganismos mais frequentemente isolados. A maioria dos doentes recuperou apenas com a realização de pensos e cuidados fisiátricos. O enxerto cutâneo foi necessário em 19% dos doentes e a escarotomia em menos de 1%. As principais sequelas foram: cicatrizes hipertróficas (26%), bridas cutâneas (6%) e quelóides (6%).

Discussão e Conclusões: Os nossos dados estão de acordo com os descritos na literatura. Um follow up adequado é essencial e, na maioria dos casos, uma correcta  e atempada intervenção previnem muitas das sequelas. A educação periódica da população é importante, uma vez que a maioria das queimaduras são evitáveis.