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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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SINDROME HEMOLITICO-URÉMICO ASSOCIADO AO STREPTOCOCCUS PNEUMONIAE

Filipa Vilarinho1, Anaxore Casimiro2, Gabriela Pereira2, Margarida Abranches3, Lurdes Ventura2

1 - Serviço de Pediatria, Hospital Distrital de Santarém, EPE
2 - Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE
3 - Unidade de Nefrologia pediátrica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE

- XVII Reunião anual da Sociedade de Cuidados Intensivos Pediátricos, 28 de Fevereiro de 2014, Hospital Prof Doutor Fernando Fonseca, Comunicação Oral e Sala de Conferências do Hospital de Dona Estefânia, 17 de Junho de 2014, Comunicação Oral

Resumo:

Introdução: A Sindrome Hemolitico-Urémica associada ao Streptococcus pneumoniae (SpSHU) caracteriza-se por anemia hemolítica, trombocitopenia e insuficiência renal aguda num doente com infecção por S. pneumoniae. O reconhecimento precoce é fundamental, e a abordagem terapêutica tem sido recentemente questionada.

Caso clínico: Apresenta-se o caso clinico de uma lactente de 8 meses, com antecedentes irrelevantes. Recorreu ao SU por febre alta, tosse produtiva e vómitos com 3 dias de evolução. Na observação estava irritada e taquipneica, analiticamente tinha elevação dos parâmetros de inflamação e na radiografia do tórax uma hipotransparência do campo pulmonar direito, com derrame pleural extenso confirmado por ecografia torácica. Foi internada e medicada com cefotaxime e vancomicina. No 2º dia de internamento por agravamento clínico e imagiológico foi submetida a desbridamento pleural por toracotomia. Na hemocultura e exame bacteriológico do líquido pleural foi isolado S. pneumoniae, serotipo 14, pelo que iniciou penicilina de acordo com antibiograma. Ficou internada na UCIP, verificando-se agravamento clínico progressivo, com edema generalizado, oligoanúria, hipertensão e epistáxis. Analiticamente apresentava anemia normocítica normocrómica, trombocitopenia, insuficiência renal aguda (Taxa de filtração glomerular de 24 ml/min/1.73m2), parâmetros de hemólise intravascular e teste de Coombs directo negativo. Com o diagnóstico de spSHU fez plasma fresco congelado e iniciou hemodiafiltração, com rápida melhoria clinica. Ocorreu recuperação dos parâmetros hematológicos e renais, suspendendo hemodiafiltração após 7 dias, com agravamento transitório da função renal. Não se evidenciaram alterações do complemento.

Conclusão: A SpSHU é uma patologia rara, grave e com fisiopatologia e tratamento ainda controversos, necessitando de mais estudos no futuro em relação à sua abordagem.

Palavras Chave: Síndrome hemolítico urémico, Streptococcus pneumoniae