1- Pedopsiquiatria, Área de Pedopsiquiatria do Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, E.P.E.
- X Congresso Nacional de Psiquiatria, Centro de Congressos do Hotel Tivoli Marina de Vilamoura, 13 a 15 de Novembro de 2014, Vilamoura; apresentação sob a forma de poster.
Objectivos: A Perturbação de Desregulação do Humor Disruptivo (PDHD) representa um novo diagnóstico para a população em idade pediátrica, incluído na quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico das Perturbações Mentais (DSM-5). Com este trabalho, pretendemos rever os critérios de diagnóstico desta nova entidade clínica, a evidência empírica disponível, bem como dados relativos à sua epidemiologia, fisiopatologia, curso longitudinal e tratamento.
Metodologia: Pesquisa no PubMed de artigos científicos, publicados nos últimos cinco anos, referentes a este novo diagnóstico do DSM-5, nomeadamente sua relevância clínica, epidemiologia, fisiopatologia, tratamento e prognóstico.
Resultados: Este novo diagnóstico foi estabelecido de forma a resolver o problema do excesso de diagnóstico e tratamento da Perturbação Bipolar na infância. A PDHD pode ser diagnosticada em crianças e adolescentes que manifestem irritabilidade frequente, episódios de extremo descontrolo comportamental e não cumpram os critérios sintomáticos para episódio maníaco/hipomaníaco. Porém, a inclusão deste novo diagnóstico no DSM-5 tem suscitado controvérsia significativa, dada a limitação dos dados empíricos disponíveis. As taxas de prevalência estimadas rondam os 1-5%. Relativamente aos mecanismos fisiopatológicos, as vias neuronais implicadas na PDHD parecem ser distintas daquelas implicadas na Perturbação Bipolar e, numa perspectiva evolutiva, a irritabilidade crónica parece prever o aparecimento de patologia depressiva e ansiosa, no início da idade adulta. No entanto, não existe ainda nenhum tratamento específico para a PDHD.
Discussão/Conclusões: A irritabilidade persistente e os episódios explosivos de raiva, nestas crianças e adolescentes, condicionam graves prejuízos a nível escolar, social e familiar, assim como uma utilização significativa dos serviços de saúde. Da revisão bibliográfica efectuada, conclui-se que são necessários mais estudos científicos para que possamos melhor compreender este fenótipo e, assim, melhorar a avaliação, diagnóstico e tratamento das crianças e adolescentes que manifestam irritabilidade crónica.
Palavras Chave: Irritabilidade, Perturbação de Desregulação do Humor Disruptivo, Perturbação Bipolar, DSM-5