1 - Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa central
2 - NOVA Medical School/ Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa
3 - Dietética e Nutrição, Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Lisboa.
- Palestra - Funchal, 26/09/2014
A restrição de crescimento intrauterino (RCIU), habitualmente definida como peso ao nascer insuficiente para a idade de gestação (leve para a idade de gestação - LIG), é uma entidade muito heterogénea, incluindo recém-nascidos de termo, pré-termo, adequados para a idade de gestação mas com inflexão do crescimento fetal, inflexão aguda e crónica do crescimento fetal. É necessário distinguir recém-nascidos com RCIU dos LIG constitucionais. A alteração da fluxometria da artéria umbilical é um bom indicador dos que efetivamente sofreram RCIU.
O feto adapta-se à privação nutricional e à hipoperfusão sanguínea por vários mecanismos, incluindo epigenéticos, alterações estruturais nos tecidos e condicionamento endócrino. Desta adaptação geralmente resulta a programação futura para resistência à insulina e síndrome metabólica.
Nos primeiros dias após o nascimento, há desafios quanto ao início da nutrição entérica e sua forma de administração, pelos riscos de intolerância alimentar e enterocolite necrosante, especialmente quando há alteração da fluxometria pré-natal. Nestes casos, deve ponderar-se o adiamento do início da nutrição entérica e a administração por débito contínuo nos muito prematuros.
A médio prazo, crianças nascidas com RCIU requerem mais energia e nutrientes, sendo porém necessário encontrar um equilíbrio que evite a subnutrição ou a sobrenutrição. A subnutrição pode comprometer a recuperação do crescimento e o neurodesenvolvimento, por subnutrição cerebral. A sobrenutrição, associada à RCIU, aumenta a predisposição para a programação da resistência à insulina e risco cardiovascular.
Palavras Chave: leve para a idade de gestação, neurodesenvolvimento, programação metabólica, restrição de crescimento intrauterino