1 Interna de Pedopsiquiatria, Clínica da Encarnação, Área de Pedopsiquiatria, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa
- Reunião de formação conjunta da Área de Pedopsiquiatria, Hospital de Dona Estefânia, Lisboa, 8 de Janeiro de 2014 (Comunicação);
- XXV Encontro Nacional de Psiquiatria da Infância e da Adolescência, Faro, 14 - 16 de Maio de 2014 (Poster);
- XVI World Congress of Psychiatry, Madrid, 14 – 18 de Setembro de 2014 (Comunicação)
Resumo:
Introdução: Dados recentes aproximam o uso patológico de jogos eletrónicos a outras adições, sugerindo a possibilidade de estarmos diante de uma nova perturbação psiquiátrica dentro da categoria dos comportamentos aditivos. A taxa de prevalência desta problemática na população pediátrica ronda os 10%. Frequentemente, o uso patológico de jogos eletrónicos está associado a comorbilidades psiquiátricas, como perturbações de humor e PHDA (perturbação de hiperatividade e défice de atenção).
Objetivos: Caracterizar o padrão de utilização de jogos eletrónicos numa amostra clínica de crianças entre os 6 e os 12 anos e a sua associação com comorbilidades psiquiátricas.
Métodos: Revisão e construção de questionários de avaliação do uso de jogos eletrónicos aplicáveis a crianças e seus cuidadores. Aplicação dos questionários a uma amostra de conveniência de crianças seguidas em consulta de Pedopsiquiatria, juntamente com o questionário de Capacidades e Dificuldades, adaptado de Goodman 2005, para avaliação do funcionamento global. Consulta dos processos clínicos para recolha do diagnóstico psiquiátrico e outros dados relevantes. Análise descritiva e correlação entre variáveis (IC 95%, p<0.05).
Resultados: Na nossa amostra (n=58), 31% das crianças eram do sexo feminino, com média de idades = 9. Em média, as crianças passavam uma hora em jogos eletrónicos e duas horas a ver televisão, por dia, durante uma semana de aulas. O funcionamento global, principalmente no que diz respeito às competências sociais e aos problemas de comportamento, estava correlacionado com o padrão de uso de jogos eletrónicos (rs= 0,295, p< 0,05). Um terço das crianças apresentava uso excessivo de jogos eletrónicos. Neste grupo, o diagnóstico mais comum era a PHDA. Muitas crianças jogavam jogos eletrónicos destinados a adultos, com autorização dos pais.
Conclusões: São necessários mais estudos para estabelecer critérios diagnósticos de uso patológico de jogos eletrónicos em crianças. Este tópico não deve ser descurado na avaliação pedopsiquiátrica de rotina e objeto de discussão com os pais, principalmente na presença do perfil de jogador característico.
Palavras Chave: jogos eletrónicos, PHDA, uso patológico, dependência, saúde mental infantil