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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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Consulta de Neurologia Fetal do Hospital Dona Estefânia -CHLC: a experiência de 6 anos

Eulália Calado1, Filipa Marçal2, Luísa Martins3, Carla Conceição4, Joaquim Correia5

1- Serviço de Neurologia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central EPE, Lisboa
2- Serviço de Pediatria, Hospital Dr. Nélio Mendonça, Funchal
3- Serviço de Pediatria, Hospital de Faro
4- Serviço de Neurorradiologia, Centro Hospitalar Lisboa Central EPE, Lisboa
5- Maternidade Dr. Alfredo da Costa, Centro Hospitalar Lisboa Central EPE, Lisboa
- Reunião Hospitalar da Área de Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia, 22 de Abril 2014

Introdução: Cerca de 1/3 das interrupções de gravidez numa consulta de Diagnóstico Pré- Natal devem-se a malformações do SNC, cada vez mais fáceis de diagnosticar devido à evolução da imagiologia. As consultas de Neurologia Fetal têm como objectivo major reunir informação genética, bioquímica e imagiológica, para poder formular um prognóstico do impacto das anomalias cerebrais após o nascimento. O neuropediatra, ao fornecer um diagnóstico mais preciso da doença do SNC e subsequente prognóstico funcional, oferece, em conjunto com o obstetra, um aconselhamento pré-natal mais fundamentado, integrando preocupações médicas e legais no contexto da família. Apresentamos os dados relativos aos primeiros 6 anos de funcionamento da consulta de Neurologia Fetal do HDE.

Objectivos e métodos: Análise descritiva retrospectiva de uma série de grávidas, avaliadas em consulta de Neurologia Fetal, de janeiro de 2008 a dezembro de 2013, por feto com malformação do SNC, a grande maioria confirmada por RMN fetal. Das variáveis analisadas salientamos os dados demográficos, paridade, idade gestacional, tipo de malformação e interrupção ou não da gravidez.

Resultados: Foram avaliadas 70 grávidas, com idades entre 14 e 44 anos (média 31,5) encaminhadas, maioritariamente, das consultas de DPN da MAC (43) e HDE (16) e de outros hospitais (11). Trinta e três (47%) eram primíparas e 21% tinham mais de 35 anos. Em 51% dos casos o DPN de malformação do SNC foi realizado após as 24 semanas. Os diagnósticos mais frequentes foram a ventriculomegália /hidrocefalia (26), agenésia do corpo caloso (18), malformações da fossa posterior (12) e disrafismos (11). Trinta e cinco (50%) optaram por IMG, algumas após as 24 semanas. Às restantes foi proposto acompanhamento pós-natal em consulta de Neuropediatria.

Conclusões: A consulta de Neurologia Fetal é cada vez mais requisitada, por casais com uma gravidez em que o feto apresenta malformação do SNC. Com esta consulta pretende-se habilitar o casal, através do conhecimento científico recente, para a tomada de decisão de interromper ou não a gravidez, assim como planificar estratégias de acompanhamento e aconselhamento familiar posterior. O acompanhamento, que já iniciámos, das crianças nascidas, permitir-nos-á auditar a fiabilidade dos nossos prognósticos e melhorar o nosso desempenho.

Palavras Chave: Neurologia fetal, malformação SNC