imagem top

2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

CHULC LOGOlogo HDElogo anuario

CONJUNTIVITE NEONATAL. QUE PROFILAXIA?

Inês Serras, Flora Candeias, Maria João Brito

Unidade de Infecciologia Pediátrica, Assistente Hospitalar, Hospital Dona Estefânia, CHLC, Lisboa

Introdução: A forma mais grave da conjuntivite neonatal é causada pela Neisseria gonorrhoeae. Desde que se iniciou a profilaxia em 1880 por Credé a incidência da infeção gonocócica diminuiu drasticamente, pelo que a prevenção da infeção tem sido questionada nos países desenvolvidos.
Caso clínico: Recém nascido, 9 dias de vida, internado por conjuntivite purulenta com uma semana de evolução. Já tinha sido medicado com cloranfenicol tópico desde o 2º dia de vida sem melhoria. A mãe era adolescente e tinha tido quatro parceiros sexuais durante a gravidez. Havia a referir corrimento vaginal durante toda a gravidez. O parto foi eutócico e não foi feita qualquer profilaxia de conjuntivite neonatal. O recém nascido apresentava exsudado purulento conjuntival bilateral com edema palpebral e no exame cultural identificou-se Neisseria gonorrhoeae. A hemocultura e cultura do líquor foram negativas. Exclui-se outras DST nomeadamente infeção por Chlamydia trachomatis, sífilis e VIH. Fez terapêutica com ceftriaxone e cefotaxime ate exames culturais negativos. A avaliação por oftalmologia excluiu deficites de visão. A mãe foi referenciada à consulta de ginecologia onde se confirmou gonorreia sendo medicada com ceftriaxone. Os companheiros e outros parceiros sexuais não realizaram terapêutica por se desconhecer a sua localização. Foi feita notificação de doença infecciosa

Conclusões: Atualmente pela baixa incidência desta doença a profilaxia não é universal e quando é aconselhada não é consensual o fármaco a utilizar. Os dados nacionais são subnotificados pelo que se subentende que a conjuntivite neonatal grave é rara o que tem condicionado o abandono progressivo da profilaxia no recém-nascido. Por outro lado sabendo que existem grupos de risco, áreas de população imigrante de alta prevalência desta doença e atendendo as complicações grave não deveríamos manter a profilaxia em situações específica?

Bibliografia:

  • Credé. Reports from the obstetrical clinic in Leipzig. Prevention of eye inflammation in the newborn. Am J Dis Child. Jan 1971;121(1):3-4
  • American Academy of Pediatrics. Chlamydia Trachomatis. In: Pickering LK, Baker CJ, Kimberlin DW, Long SS, eds. Red Book: Report of the Committee on Infectious Diseases. 28th ed. Elk Grove Village, Ill: American Academy of Pediatrics; 2009:255-9
  • Prevention of Neonatal Ophthalmia. In: Pickering LK, ed. American Academy of Pediatrics. Red Book: 2012 Report of the Committee on Infectious Diseases. 29th Edition. Elk Grove Village, IL
  • PINTO, Cátia Sousa et al. Doenças de Declaração Obrigatória 2009-2012 volume I. Lisboa: Direção Geral de Saúde. 2014