Patologia Clínica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, E.P.E.
- III JORNADAS DE PATOLOGIA CLÍNICA DO CHLC – 21 e 22 Maio, 2012.
Introdução: A infecção urinária é uma das mais frequentes na comunidade e a urocultura um dos exames mais frequentemente realizados no laboratório de Microbiologia.
O diagnóstico de infecção urinária na criança é particularmente importante na medida em que o quadro clínico é inespecífico e as consequências potencialmente graves.
A forma de colheita da urina é fundamental para a qualidade da amostra e para a interpretação dos resultados. As formas de colheita são o jacto médio, a partir da algália (em doentes algaliados), por cateterismo, por bolsa colectora, por cistoscopia, por nefrostomia e por punção supra-púbica que continua a ser o método de referência.
Objectivos: Análise dos resultados da Urocultura no Serviço de Urgência de Pediatria Médica do Hospital D. Estefânia, no Centro Hospitalar Lisboa Central (CHLC).
Resultados: Durante o ano de 2011 o Laboratório de Microbiologia recebeu 3836 amostras de urina para exame bacteriológico (urocultura) provenientes do serviço de urgência de Pediatria médica do HDE, sendo o serviço que maior número de uroculturas enviou ao laboratório (19% de todas as uroculturas). As uroculturas corresponderam 58% ao sexo feminino e 42% ao sexo masculino. 28% das amostras foram de crianças com menos de um ano de idade sendo 55% do sexo masculino, neste grupo etário.
Os resultados das uroculturas foram os seguintes: "negativo" - 57%, "contaminado" - 21% e "positivo" - 22%. Nestas últimas, os microrganismos mais frequentes foram a Escherichia coli com 507 isolamentos (61% dos microrganismos), seguida do Proteus mirabilis com 153 isolamentos (18%), a Klebsiella pneumoniae com 41 isolamentos (5%) e a Pseudomonas aeruginosa com 36 isolamentos (4%).
No grupo etário até aos 2 anos de idade, inclusive, (2116 amostras), 71% das colheitas foram efectuadas por bolsa colectora, 10% por jacto médio e 18% por algaliação. Nas colheitas por bolsa colectora, 55% dos resultados foram "negativo", 29% "contaminado" e 17% "positivo"; Nas colheitas por algaliação, 59% foram "negativo", 9% "contaminado" e 31% "positivo". A diferença entre os resultados de ambos os tipos de colheita é estatisticamente significativa (Teste Qui-quadrado: p<0.001).
Neste mesmo grupo etário, os microrganismos mais frequentemente isolados foram Escherichia coli (62%), o Proteus mirabilis (19%), a Klebsiella pneumoniae (7%) e o Enterococcus faecalis (3%), não havendo diferença estatisticamente significativa nos microrganismos isolados em relação ao tipo de colheita.
Conclusão: As uroculturas provenientes da Urgência de Pediatria Médica representam 1/5 de todas as uroculturas do CHLC, sendo o grupo etário até aos 2 anos de idade (inclusive) o mais representado com 55% das amostras.
Comparando as colheitas efectuadas por bolsa colectora com as efectuadas por algaliação, os resultados são significativamente diferentes tendo as colheitas efectuadas por bolsa colectora mais uroculturas contaminadas e menos positivas. Este facto está de acordo com as recomendações internacionais que desaconselham a colheita de urina para urocultura por bolsa colectora.
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