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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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ADEQUAÇÃO DA DIVERSIFICAÇÃO ALIMENTAR ÀS RECOMENDAÇÕES DA ESPGHAN NUMA COMUNIDADE EUROPEIA MULTICULTURAL. A ETNIA TEM IMPORTÂNCIA?

Sara Nóbrega1, Mariana Andrade2, Bruno Heleno3, Marta Alves4, Ana Papoila4, Leonor Sassetti1, Daniel Virella1-4

1 - Área de Pediatria Médica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa.
2 - Serviço de Pediatria Médica, Hospital das Caldas da Rainha, Centro Hospitalar do Oeste Norte, EPE, Caldas da Rainha.
3 - Departamento de Medicina Familiar, Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova Lisboa, Lisboa.
4 - Centro de Investigação do Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa.
GE Port J Gastroenterol. 2014;21(6):231-240 (Publicação)

Introdução: Em 2008 a ESPGHAN publicou recomendações sobre diversificação alimentar para os profissionais de saúde. Fatores socioeconómicos e culturais podem, no entanto, afetar o cumprimento destas orientações.

Objectivos: Pretendemos estimar a prevalência de inadequações às orientações publicadas e explorar a associação entre inadequações e as diferentes influências culturais.

Métodos: Estudo transversal, baseado num questionário voluntário de autopreenchimento, fornecido a uma amostra de conveniência de pais de crianças até aos 2 anos de idade, que frequentava um Centro de Saúde da Grande Lisboa.

Resultados: Obtivemos 161 questionários válidos de uma amostra de crianças com ampla diversidade cultural (idade mediana das crianças 9 meses, idade mediana das mães 32 anos). A taxa de prevalência de pelo menos uma inadequação foi de 46% (IC95%: 38,45-53,66). As inadequações mais frequentes foram: evicção de alimentos grumosos ou menos triturados após os 10 meses de idade (66,7%), evicção ou atraso na introdução de alimentos após os 12 meses (35,4%), introdução de glúten após os 7 meses (15,9%) ou introdução de sal antes dos 12 meses (6,7%). Por cada aumento de um mês na idade da criança o risco de inadequação aumentou36,7% (OR=1,37; IC95%: 1,20-1,56; p<0,001). Para além disso, o risco de inadequação para descendentes de famílias africanas ou brasileiras foi 3 vezes superior ao dos descendentes de portugueses (OR=3,31; IC95%: 0,87-12,61; p=0,079). A influência dos avós aumentou o risco de inadequações (OR=3,69; IC95%: 0,96-14,18; p=0,058).

Conclusões: Neste estudo foi encontrada uma elevada prevalência de inadequações durante a diversificação alimentar e este facto poderá ser influenciado por características culturais.

Palavras Chave: Alimentação infantil; Diversificação alimentar; Inadequações; Cultura; Sociedade Europeia de Gastrenterologia-Hepatologia e Nutrição Pediátrica.