1.Departamento de Pediatria, Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, E.P.E.
2.Área de Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia,Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E.
3.Unidade de Reumatologia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E.
4.Consulta de Inflamação Ocular, Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, E.P.E.
5.Consulta de Oftalmologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central,E.P.E.
6.Consulta de Reumatologia Pediátrica, Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, E.P.E.
- XIV Jornadas Internacionais de Reumatologia Pediátrica, 2014, 29 e 30 de Maio, Lisboa
- Comunicação oral
Introdução: A uveíte é um processo inflamatório intra-ocular, que pode envolver a porção anterior, posterior à lente ou ambas. Em 40% das situações surge associado a doença sistémica imunomediada, 30% é de causa desconhecida, podendo surgir em contexto infeccioso. As características clínicas da observação oftalmológica nem sempre apontam para uma causa específica, pelo que idealmente o acompanhamento da criança deverá ter apoio do reumatologista pediátrico para complementar a marcha diagnóstica, introduzir e monitorizar a terapêutica imunossupressora.
Objectivo: A caracterização demográfica, clínica (classificação, evolução, terapêutica e complicações) e laboratorial das crianças com uveíte, acompanhadas por Reumatologia Pediátrica.
Métodos: Estudo descritivo de crianças e adolescentes com uveíte, acompanhados em consulta de Reumatologia Pediátrica de dois hospitais da região de Lisboa. Foram avaliados dados demográficos, clínicos, complicações e terapêutica instituída. Foram considerados os critérios SUN 2005 para caracterização da doença.
Resultados: Incluídos 62 doentes, 51.6% do sexo feminino, idade média de início de 8.08 anos (±3.88); Em 72.6% o atingimento foi bilateral. Relativamente à localização, em 66.1% havia uveíte anterior, 25.8% intermédia, 9.7% posterior e como panuveíte em 14.5%. Identificou-se patologia autoimune em 30.6%, sendo a artrite idiopática juvenil (AIJ) de apresentação oligoarticular persistente ou estendida a mais frequente (69.4%). Foi idenficada patologia infecciosa em 11.3% dos doentes. Em cerca de 40% dos casos o ANA foi positivo. Na primeira observação oftalmológica, 40.7% apresentavam complicações, sendo a queratopatia em bandas e sinéquias posteriores as mais frequentes (23.6%). A acuidade visual média ao diagnóstico foi de 0.66 no olho esquerdo (OE) e 0.78 no olho direito (OD), verificando-se melhoria com a terapêutica instituída (OE 0.87, OD 0.91). Os doentes apresentaram em média 2.53 episódios de uveíte (DP=1.74) e a duração máxima de cada episódio foi em média 5.8 meses (DP=5.49). Quanto à terapêutica, 29% fizeram apenas tópica. O DMARD mais utilizado foi o metotrexato (54.8%); 6.4% encontravam-se sob agentes biológicos e 12.9% foram submetidos a cirurgia oftalmológica.
Conclusão: A uveíte constitui uma entidade que pode determinar uma morbilidade considerável. Este estudo reafirma a importância no prognóstico, da precocidade do diagnóstico e instituição de terapêutica adequada, em especial na criança pela sua apresentação oligossintomática. Apesar da elevada frequênciade uveíte idiopática, a percentagem de doentes com doença autoimune não é desprezível, reforçando a relevância de uma abordagem diagnóstica multidisciplinar precoce, acompanhamento prolongado e vigilância oftalmológica regular.
Palavras Chave: uveíte, criança, diagnóstico precoce, morbilidade