1- Serviço de Neurologia, Centro Hospitalar de Setúbal
2- Unidade de Adolescentes, Departamento Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE
3- Serviço de Neurologia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa
4- Unidade Neurossonologia, Centro Hospitalar Lisboa Central, EPE
5- Serviço de Neurorradiologia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa
6- Unidade de Reumatologia Pediátrica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE, Lisboa
- 8º Congresso Português do AVC, 6-8 Fev 2014, Porto (comunicação oral)
- Resumo publicado na Revista Sinapse Vol 14, Nº1, Maio 2014
Introdução: O AVC isquémico arterial em idade pediátrica é uma patologia heterogénea, associada a múltiplos factores de risco e com etiologia distinta do adulto, sendo a arteriopatia identificada como a principal causa. Em algumas arterites, como na Arterite de Takayasu (AT), o AVC constitui uma forma de apresentação rara. Caso Clínico: Menina de 11 anos, natural de Cabo Verde, sem antecedentes patológicos de relevo e sem antecedentes familiares de AVC em idade jovem. Evacuada de Cabo Verde para investigação e orientação terapêutica de quadro de instalação rapidamente progressiva de alteração da força dos membros esquerdos, da fala e deglutição, com 3 meses de evolução. No exame neurológico salientava-se: hemiparésia esquerda com componente facial central homolateral, sinais piramidais bilaterais, anartria, elevação palato de fraca amplitude, impossibilidade de realizar protusão da língua e sialorreia. No restante exame objectivo apresentava: assimetria dos pulsos braquiais e radiais, diferencial de pressão arterial >10mmHg e sopro carotídeo direito. Do estudo complementar realizado: doppler vasos cervicais com espessamento da íntima e média de ambas as Artérias Carótidas Primitivas, baixa amplitude das velocidades de fluxo da Artérias Carótida Interna direita (ACI), Cerebral Média (ACM) e Cerebral Anterior (ACA) bilateralmente. Na Angio-Ressonância Magnética (RM) crânio-encefálica: presença de lesões parênquimatosas sequelares em territórios arteriais da ACA e ACM, bilateralmente, sem evidência de lesões agudas. No restante estudo por Angio-RM foram objectivadas oclusões/estenoses de ramos arteriais da aorta, de grande calibre (Artéria Subclávia esquerda, Carótidas Primitivas, ACIs e Vertebral esquerda) e de vasos de médio calibre (ACM direita), sem envolvimento dos ramos arteriais toraco-abdominais. A avaliação laboratorial revelou: anemia normocítica, normocrómica, trombocitose, hiperfibrinogenémia e aumento da velocidade de sedimentação. Perante o diagnóstico de AT, associou-se ao AAS, corticoterapia oral e metotrexato, sem evidência de progressão da doença até à data actual. Conclusões: O diagnóstico de AT foi estabelecido pela presença de estenoses de ramos da Aorta (critério mandatório) e pela presença de 3/ 4 critérios clínicos e do critério laboratorial. Pretende-se com este caso discutir a importância do exame objectivo geral na criança com AVC isquémico arterial e ilustrar o envolvimento intracraniano raro na Arterite de Takayasu.
Palavras Chave: Arterite de Takayasu, AVC isquémico arterial