Unidade de Nefrologia, Área de Pediatria Médica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, Lisboa.
Reunião da Área de Pediatria Médica
Introdução:
A reduzida quantidade de nefrónios nos recém-nascidos de baixo peso é um factor de risco para doença renal futura. A influência de um baixo peso de nascimento (BPN) na evolução e resultados do síndrome nefrótico de lesões mínimas (SNLM) pode ser útil na avaliação prognóstica destes doentes.
Material e métodos:
Estudo retrospectivo das crianças seguidas por SNLM. O diagnóstico foi baseado em dados clínicos (resposta a corticoterapia) ou histológicos (biopsia renal). Incluíram-se no grupo “baixo peso ao nascer” as crianças com PN inferior ao percentil 10 para a idade gestacional.
Resultados:
Foram incluídos 45 pacientes: onze crianças com BPN, mediana de 2250 (850-2735) g; trinta e quatro crianças com peso de nascimento normal e gestações de termo – grupo de controlo: mediana 3300 (2640-4420) g. A idade de início do SNLM foi semelhante nos doentes com BPN e no grupo de controlo - mediana 3.56 ±1.6 years e 3.91 ± 1.8 years, respectivamente.
No primeiro episódio, as crianças com BPN necessitaram de mais dias de terapêutica para atingir remissão: (> 9 dias), 72,7% (8/11) versus 41,2% (14/34) no grupo de controlo (odds ratio (OR) 3,81 (intervalo de confiança – IC - de 95% (0,85-16,94), p 0,091). A ocorrência de recidivas foi mais frequente no grupo BPN (10/11, 90,9%) do que no grupo controlo (21/34, 61,8%), (OR 6,19, p 0,132).
Não se verificou diferença na proporção de doentes corticodependentes: 4/11 (36,4%) no grupo BPN versus 11/34 (32,3%) no grupo controlo (p 1).
No que concerne à corticorresistência no grupo BPN correspondeu a 9,1% (1/11). Uma vez que não houve nenhum doente no grupo controlo não é possível retirar conclusões.
No grupo BPN, verificou-se uma maior proporção de recidivas frequentes (45,5% versus 11,8%, p 0,028). Constatou-se a necessidade de medicação adicional (ciclosporina, ciclofosfamida e levamisol) numa maior proporção de doentes do grupo BPN, sem diferenças estatisticamente significativas (72,7% versus 41,2%, OR 3,81, p 0,091).
Conclusão:
A proporção de crianças com BPN identificadas nesta coorte foi maior do que em séries anteriores. O grupo de crianças com BPN demorou mais dias a atingir a remissão, teve mais recidivas e foi tratado mais frequentemente com ciclosporina ou agentes citotóxicos. Apesar da diferença de dados entre os grupos, a reduzida dimensão da amostra e a sua heterogeneidade não permitem conclusões do ponto de vista estatístico.
Palavras-chave: síndrome nefrótico de lesões mínimas, baixo peso ao nascer