Serviço de Imunoalergologia do Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE
XXXIV Reunião Anual da SPAIC. Vale de Lobo, Outubro de 2013.
Introdução: As LTP e profilinas são os panalergénios mais importantes na abordagem de doentes com alergia a pólens e a alimentos de origem vegetal, estando as LTP geralmente associadas a reacções sistémicas, enquanto as profilinas se associam a síndrome de alergia oral.
Objectivos e métodos: Foi efectuado um estudo com o objectivo de identificar a frequência de sensibilização sintomática/assintomática a LTP e profilina em doentes com testes cutâneos por picada (TC) positivos para pólens/frutos/legumes (PFL). Durante 2 meses, todos os doentes com TC positivos para PFL realizaram TC para LTP e profilina e preencheram um questionário para avaliação de alergia alimentar (AA).
Resultados: Foram avaliados 140 doentes (idade média 21,7 anos, desvio-padrão 16,4 anos), 51,4% do sexo feminino.
Dos doentes avaliados, 24 apresentavam sensibilização a LTP (15 com AA), 14 tinham sensibilização a profilina (nenhum tinha AA) e 2 estavam sensibilizados simultaneamente a LTP e profilina (nenhum com AA).
Dos 131 doentes com TC positivos para pólens, 19 tinham LTP (14,5%) e 13 (9,9%) tinham profilina positivas.
Dos 19 doentes com TC positivos para pólens e LTP, 10 tinham AA. Dos 13 com TC positivos para pólens e profilina, nenhum tinha AA.
Dos 22 doentes que tinham TC positivos para frutos, 14 (63,6%) tinham LTP positiva e apenas um tinha profilina (4,5%) positiva.
Todos os doentes com TC para frutos e LTP positivos tinham AA, ao contrário do doente com TC para profilina positivo que não apresentava AA. De referir que no grupo de doentes sensibilizados a frutos e com LTP positiva, a gravidade das manifestações de AA não eram influenciadas pela coexistência ou não de sensibilização a pólens.
Discussão: Na amostra estudada, em que se verifica uma elevada prevalência de sensibilização a pólens, o número de doentes sensibilizados à profilina é inferior ao expectável e esta sensibilização não se associa à presença de alergia a alimentos de origem vegetal (AOV). A sensibilização a LTP foi menos frequente, tendo sido particularmente elevada entre os doentes alérgicos a AOV. Os dados encontrados mostram que a sensibilização a LTP é frequente nos doentes sensibilizados a AOV e nestas circunstâncias há habitualmente manifestações clínicas. Pelo contrário, quando existe apenas sensibilização a pólens, a percentagem de sensibilização a LTP é muito inferior. A co-sensibilização a pólens e AOV não parece estar associada à gravidade das manifestações clínicas de AA, nos doentes em que esta existe.
Palavras-chave: LTP, Profilinas, Síndrome de Alergia oral, pólens