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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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Infecção a Salmonella typhi – Forma rara de uma complicação

Tânia Moreira, Catarina Guerra, Flora Candeias, Maria João Brito

Unidade de Infecciologia, Área de Pediatria Médica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, Lisboa

- XIII Jornadas Nacionais de Infecciologia Pediátrica, Coimbra, 4-5 julho, 2013, (Apresentação de e-poster)

Introdução: A febre tifóide tem elevada prevalência no sul-sudeste asiático. As manifestações extra-intestinais variam de frequência e podem incluir envolvimento pulmonar.

Relato de caso: Adolescente de 11 anos, natural do Nepal, que dois dias antes de viajar refere diarreia, dor abdominal e febre auto-limitada. Na primeira semana em Portugal reinicia diarreia fétida, não-sanguinolenta e dor abdominal tipo cólica com evolução de três semanas, associada posteriormente a vómitos e febre elevada, o que motivou internamento. Apresentava prostração, distensão abdominal e dor difusa à palpação. Hemoglobina 12,9 g/dL, 7,9x109/L leucócitos, 81,88% neutrófilos, PCR 128,3 mg/L e Na 127 mmol/L. Na ecografia abdominal observavam-se múltiplas adenomegalias mesentéricas. Na hemocultura identificou-se Salmonella typhi e coinfecção por Campylobacter jejuni nas coproculturas sendo medicada com ceftriaxone e azitromicina. Em D3 de internamento mantinha febre e verificou-se agravamento clínico com dispneia, diminuição do murmúrio vesicular bilateral, dor abdominal intensa e hepatomegalia. Encontrava-se agitada, polipneica, SatO2 88-89%. A radiografia do tórax apresentava padrão de broncopneumonia e derrame pleural bilateral. Hemoglobina 10,9 g/dL, leucócitos 3,3x109/L, neutrófilos 79,66%, plaquetas 105x109/L, albumina de 18 g/L, PT 15,0 seg, AST 254 U/L, ALT 89 U/L, ϒ-GT 117 U/L, LDH 1194 U/L, CK 243 U/L. Manteve ceftriaxone durante dez dias com boa evolução. Efectuou-se a declaração de doença obrigatória

Conclusões: A febre tifóide é uma doença sistémica grave mas podem ocorrer manifestações extra-intestinais decorrentes de bacteriemia como a pneumonia, que embora rara, é mais comum na crianças que no adulto. A gravidade das infecções por Salmonella typhi torna obrigatória a instituição de antibioticoterapia.

Palavras-chave: febre tifóide, manifestações extra-intestinais, pneumonia